“A tendência é essa, exoneração”, afirma Bebianno

Ele está no centro de denúncias sobre repasse de verbas do PSL, dinheiro público, a candidata suspeita de ser laranja em Pernambuco

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Pivô da maior crise política do governo Bolsonaro, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno , disse neste sábado que deve ser demitido na segunda-feira. Questionado sobre os termos da conversa que teve com o presidente Jair Bolsonaro na sexta-feira, Bebianno confirmou que recebeu convite para ocupar um cargo na Itaipu Binacional , não aceitou, e apontou que a sinalização é de que será exonerado. No início da crise, o ministro chegou a dizer que não pretendia pedir demissão. Ele está no centro de denúncias sobre repasse de verbas do PSL, dinheiro público, a candidata suspeita de ser laranja em Pernambuco, o que nega. 

- A tendência é essa, exoneração - afirmou. 

Apesar de dizer que essa foi a sinalização de Bolsonaro, Bebianno afirmou que quer "ver o papel com a exoneração" e ponderou que o presidente passou por uma cirurgia difícil, "enfiado dentro de um hospital recebendo informações que muitas vezes não chegam de maneira correta". Por isso, segundo ele, o presidente precisa de um tempo para "botar na balança o que ele quer fazer".


Foto:  Daniel Marenco / Agência O Globo 

- Quando vocês perguntam (sobre exoneração), é o seguinte: eu quero ver o papel com a exoneração, a hora que sair o papel com a exoneração é porque eu fui exonerado - disse, acrescentando: - O presidente é um ser humano como outro qualquer, passou por cirurgia muito difícil, ficou duas semanas enfiado dentro de um hospital recebendo informações que muitas vezes não chegam de maneira correta. (...) Precisa de um tempo para ele depurar na cabeça dele o que aconteceu e botar na balança o que ele quer fazer, só isso. Simples assim.

Sobre o cargo em Itaipu, Bebianno disse que não aceitou porque não está no governo "para ganhar dinheiro" e "nem precisa de emprego".

- Meu projeto era eleger a pessoa que me inspirava confiança e eu achava que ia mudar os rumos do Brasil para melhor. Eu apostei nisso, investi a minha vida nisso e continuo acreditando. Acho que o Brasil vai (mudar), o governo é ótimo- destacou.


Bebianno se negou a comentar a atuação do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, que aumentou a crise no governo ao chamá-lo de mentiroso no Twitter , em uma mensagem retuitada depois por Bolsonaro. No post, Carlos diz que Bebianno não havia conversado com o pai, hospitalizado, nos dias mais tensos das denúncias, contradizendo declaração do ministro ao GLOBO , que afirmou manter contato com o chefe como forma de negar estremecimentos por conta da denúncias.

O ministro também negou ter vazado conversas com Bolsonaro, que vêm sendo apontadas por interlocutores do presidente como o motivo de agravamento da situação, até então parcialmente estancada pela equipe do Palácio. Bolsonaro teria ficado irritado com Bebianno após ver transcrições de diálogos que teve com ele na imprensa.O ministro destacou que o assunto foi comentado "por alto" na reunião:

- Comentou por alto. Nunca vazei nada, nunca fiz isso.

“Não vai ficar batendo boca com ninguém”

Bebianno disse ainda que “não vai ficar batendo boca com ninguém” e que o reconhecimento de que não foi responsável pelo repasse suspeito de dinheiro do PSL, partido do presidente, a uma candidata laranja em Pernambuco é uma questão “de bom senso”. Bebianno era o presidente da sigla na época da eleição.

Ele levantou o caso do ministro Marcelo Antonio, do Turismo, sobre o qual também pesam suspeitas de fazer repasses, como presidente do diretório de Minas, a candidaturas de fachada, para questionar o motivo de estar sendo responsabilizado pela situação em Pernambuco :

— Eu não vou ficar batendo boca com ninguém. Cada um acredite no que quiser. A minha consciência está tranquila, trata-se de bom senso, trata-se da lei, do estatuto do partido. Tanto assim, no caso de Minas Gerais, o Marcelo Álvaro Antônio, por que não sou culpado então? — disse.

Questionado sobre o tratamento conferido a ele por Bolsonaro, que decidiu demiti-lo somente na segunda-feira, prolongando o desgaste, Bebianno disse que encara com “perplexidade”:

— Não sou eu que dispenso o tratamento, eu estou recebendo o tratamento com perplexidade. Quem dispensa o tratamento é que tem que explicar os seus motivos.

Bebianno, que já soltou nota dizendo que a responsabilidade pelos repasses para campanhas em Pernambuco é do diretório estadual, à época dirigido por Luciano Bivar, hoje presidente do PSL, saiu em defesa do correligionário.

- A informação que eu tenho é de que ele fez tudo de forma absolutamente correta. Se for provado algo contrário, a responsabilidade não é minha, nao é da Nacional, isso não existe - destacou.

Na madrugada, Bebianno publicou em uma rede social uma mensagem em tom de desabafo : "O desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça". Questionado se a mensagem foi dirigida a Bolsonaro, o ministro afirmou apenas que "teve vontade" de postar:

- Foi uma mensagem que eu tive vontade de publicar. Conceitual.

Bebbiano destacou que "não mudou nada" com Bolsonaro:

- Eu continuo tendo o mesmo carinho pelo presidente. Não mudou nada para mim. Continuo gostando dele da mesma maneira, trabalhei dois anos para eleger, fiz o que pude, fiz além do que qualquer ser humano normal faria. Mas se ha questões outras, é um direito que ele tem exonerar quem ele quiser, é um governo dele.

 

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