Essa situação se arrasta há pelo menos cinco anos, e a população do entorno sente as consequências. A principal delas é a criminalidade: “A gente fica com medo até de sair na rua por causa da criminalidade. A gente sabe que a pessoa que usa a pedra geralmente rouba pra dar sustento ao vício, e sobra pra quem?”, indaga a vizinha J.F, que não quis se identificar.
Já a microempreendedora E.F, vizinha que também não quis dizer o nome, por temer represália dos usuários, explica que sente falta de um espaço para a população expor as próprias produções. “Eu faço roupas, então seria muito bom ter um lugar para expor nossa produção para vender ou fazer encomendas. Mas não tenho como, sozinha, brigar com os usuários”, lamenta.
Além dos usuários de drogas, a população também reclama que o espaço é utilizado como um verdadeiro motel comunitário. “É assim: em um dia é ‘fábrica de fazer menino’; no outro o povo usa droga. Mas geralmente eles passam o dia fumando pedra aí dentro, e aproveitam para ter relações sexuais também, às vezes à vista do povo”, atesta o morador Francisco Vitorino.
Francisco diz que em mais de 20 anos morando na Piçarreira nunca viu tanta impunidade. “Aqui estão assaltando muito, principalmente aqui perto. A gente sabe que é por causa do crack, e que enquanto quem manda não der jeito não vamos para frente. Não adianta lutar contra a droga, porque sempre dão um jeito de conseguir”, comenta.