As imagens feitas pelo celular e compartilhadas nas redes sociais mostram o momento da ação de policiais militares durante um evento realizado na noite da última terça-feira na Casa de Hip Hop, no bairro Parque Piauí, na zona Sul de Teresina.
De acordo com informações, por volta de 21h, cerca de 10 policiais militares, alguns encapuzados, entraram no local e realizaram abordagens a procura de drogas e armamentos. Vídeos desse momento estão circulando nas redes sociais. Em um determinado instante, uma mulher aparece sendo empurrada por um policial perto de um banheiro.
Segundo Jean Richard, um dos fundadores, no momento estava acontecendo a Mostra Sesc Amazônia das Artes com uma banda de Hip Hop de Manaus.
“Na hora do show do pessoal da banda de Manaus a polícia chegou, eles estavam bastante truculentos, não tinha policial feminina para revistar as mulheres, isso causou a indignação das pessoas que estavam acompanhando o evento. Eles alegaram uma denúncia de uso de drogas, mas foi feita a revista e não encontraram nada”, declarou.
O fundador do espaço Washington Gabriel faz uma denúncia. “Está acontecendo aqui uma perseguição, a gente está nesse prédio promovendo cultura há 10 anos, eles colocam os moradores contra a gente e qualquer incidente que acontece de assalto acabam deixando subentendido que é por nossa culpa, o que aconteceu ontem foi uma ação arquitetada”, disse.
Na tarde de ontem, o grupo se reuniu no espaço para traçar estratégias de como reagir ao episódio. A presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB-Piauí, Andreia Marreiros, foi acionada.
‘Pelos vídeos que a gente assistiu e pelos relatos que as pessoas que estavam aqui e nos compartilharam a ação, o que aconteceu aqui ontem foi uma ação truculenta , uma ação violenta e ilegal, nesse espaço que é um espaço de manifestação cultural, de arte, de educação , em que o povo negro que historicamente foi um povo violentado , escravizado, desumanizado se expressa. O que a gente percebe é que o que aconteceu aqui vem todo desse processo que não é isolado e sim estrutural, que estrutura todas as nossas vidas que é o racismo, por isso que estamos aqui, para se colocar a disposto com as pessoas que estavam aqui possam pensar formas de enfrentar todo processo de discriminalização contra o povo negro”, afirmou.
Em nota, a Polícia Militar informou que nenhuma denúncia foi feita na corregedoria com relação a violência.
A Diretoria de Comunicação Social da Polícia Militar do Piauí informa que, o Comandante do 6° Batalhão da PM recebeu dois ofícios, - um da Associação dos Moradores do Parque Piauí e o outro da Fundação "Populus Rationabilis" (Programa Social Força Mirim) - ambos solicitando providências da polícia, sobre alegações que naquele espaço cultural estava acontecendo, frequentemente, a prática do uso de entorpecentes e festas regadas a bebidas alcóolicas para menores.
Em atendimento ao pleito, foram empenhadas duas viaturas, a fim de fazerem a averiguação da denúncia. Ao chegarem no referido baile de hip-hop, as guarnições depararam-se com a realização de um evento em local com baixa luminosidade, inadequado para uma diversão, e propício para a prática de uso de entorpecentes e outros delitos.
Desta forma, as abordagens foram realizadas, dentro das normas legais, resguardando os direitos dos cidadãos e de todos os presentes no local.
Caso alguém tenha se sentido prejudicado, procurar a Corregedoria da PMPI para fazer o Boletim de Ocorrência. Seguem as fotos da abordagem.
Teresina, 09 de agosto de 2018.
Sesc Teresina também divulgou uma nota sobre o caso: