Talita Cumi, expressão do aramaico que significa “menina, levanta-te”, dita por Jesus Cristo ao ressuscitar a filha de Jairo, criança doente já falecida, é a inspiração para um belíssimo projeto que abraça a zona Norte de Teresina. Atendendo mais de mil crianças, o projeto une esporte e cultura na luta contra os maus caminhos que as crianças podem tomar na vida adulta.
Crédito: Raíssa Morais
Com uma proposta de resgatar vidas de comunidades carentes através de um trabalho socioeducativo e espiritual, a Casa Savina Petrilli, no bairro Memorare, abre-se para novos raios de luz, que são crianças e adolescentes que são iluminados pelo olhar acolhedor das irmãs e voluntários. O projeto cresceu, e agora conta com o apoio do projeto Criança Esperança, parceria da Rede Globo com a Unesco.
O objetivo é promover o empoderamento de crianças e adolescentes, para que se tornem agentes multiplicadores de informações, prevenindo e enfrentando situações de violação de seus direitos, por meio de ações socioeducativas e formativas, aliadas ao uso de tecnologias.
“É um projeto de grande importância porque contempla criança e adolescente, que estão em período de formação. Trabalhamos na construção de valores. Vamos alicerçar a infância e juventude para que eles possam se desenvolver de forma sadia. Aqui trabalhamos a parte de cultura com o balé e capoeira, além das modalidades esportivas. Queremos fazer cidadãos, pessoas de bem”, explica a Irmã Amparo Machado, diretora-presidente da Associação Norte Brasileira de Educação e Assistência Social (Anbeas).
A ideia é promover bons hábitos. “Nosso interesse é que eles desenvolvam a espiritualidade para que não possam se perder na vida. Nós tiramos eles da ociosidade. Não é só esporte e cultura, é o compromisso da vida, aprender que é preciso saber viver. Os instrutores conversam com eles, celebramos as datas importantes”, acrescenta a diretora-presidente.
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“Já nascemos para fazer o bem”
O bairro onde a Casa Savina Petrilli iniciou do esforço das irmãs em realizarem trabalhos sociais permanentes na comunidade. “Pela história do bairro Memorare, já nascemos para fazer o bem, com as irmãs. Todo o ser humano é para fazer o bem. A igreja faz isso em nome de Deus, porque Jesus ensinou que todos devem ter vida em plenitude. Essa ‘subvida’, com o envolvimento com o crime, não cabe. A zona Norte é muito castigada pela criminalidade, drogas, prostituição. Isso não é nosso ideal. Então, quanto mais cedo atingir a criança, melhor. É preciso ensinar que eles podem ser atletas e o que quiserem”, analisa Irmã Amparo Machado.
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A promoção de valores imprescindíveis à vida em sociedade é um dos pilares de transformação do Raio de Luz. O local também realiza outras ações importantes. “Nós ensinamos que não podemos retribuir mal com mal, mas com o bem. A congregação mantém diversos projetos fazendo o bem, com a Rede Saviniana. Nós temos o Raio de Luz, os idosos que são assistidos aqui, temos o Centro Social”, exemplifica a Irmã Amparo.
Este ano, o projeto foi reconhecido pela Unesco. “Este ano estamos muito motivados porque fomos contemplados pelo Criança Esperança, com o projeto Talita Cumi, que atinge mais de mil crianças. Tanto do Raio de Luz, como de outras escolas. Isso com modalidades culturais, tivemos recentemente oficina de grafitti, trabalho com música”, revela a diretora-presidente da Anbeas.
Raio de Luz: projeto tem sete modalidades culturais e esportivas
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O Raio de Luz, um dos braços das ações da Casa, tem atividades esportivas e culturais. O projeto é considerado um serviço social permanente e oferece capoeiras, futsal, vôlei, basquete, flauta doce, balé e canto coral.
Os alunos adoram. Os de futsal, especificamente, são bastante animados. “Participar do projeto é uma honra. Entrei aqui faz dois anos, para mim é um prazer. Vou ser um jogador de futebol, vou conhecer o setor do Flamengo, até virar artilheiro do time, vou ser atacante”, dispara João Ricardo, de 13 anos. “Eu vou ser atacante do São Paulo”, completa Pedro Henrique, de 12.
Com as atividades, os professores e instrutores mostram caminhos positivos para a juventude: eles podem ser o que quiserem! “Nós mantemos os serviços de forma permanente e gratuita desde 2006. Nossa ideia é promover cidadania, melhorar o rendimento escolar e autoestima deles. Trabalhamos os valores cristãos, a questão da saúde e o fortalecimento dos vínculos familiares através do esporte e cultura”, explica Denilson Silva, educador físico que coordena o projeto.
Ex-alunos tornam-se voluntários
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A família também está envolvida neste processo. E a gratidão aos que participaram também. “Nós estendemos o trabalho às famílias, onde a assistente social aproxima as famílias. Nós queremos que essas crianças sejam autônomas e atores de transformação nas famílias e comunidades. Nós percebemos que as crianças mudam de vida. Algumas voltam como voluntários”, aponta Denilson.
Um exemplo disso é André Lucas, de 19 anos, estudante de Educação Física da Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Ele participou do projeto e hoje contribui como voluntário. “É muito positivo estar aqui. Participar das ações do projeto influenciou minha escolha no curso de Educação Física”, conta.
Como voluntário, ele passa os mesmos ensinamentos que aprendeu, além de ver na prática o que aprende na faculdade. “Além do apoio que temos dos professores e das irmãs, podemos tudo. Aqui no projeto, até as roupas a gente recebe. Além do apoio psicológico, que é muito importante. Muitos chegam aqui tristes, mas com o esporte a autoestima vai lá para cima”, garante André.
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