Uma prática que retira o sabor da infância e leva crianças e adolescentes a ter desvios comportamentais, assim como gera o apartamento da família. A exploração sexual é um mal que ainda mutila crianças e para lembrar desta importante pauta, hoje é considerado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes.
Durante seminário dissertando sobre a temática, a promotora da 7ª Vara da Infância e Juventude, Leida Diniz, afirma que o Ministério Público recebeu no último ano, 249 inquéritos da Polícia Civil, sendo que, deste total, 241 foram de crimes contra a dignidade sexual das crianças e adolescentes, o que representa 96% dos casos.
Oito estavam relacionados a outros crimes previstos no ECA. Desses casos foram oferecidas à Justiça apenas 77 denúncias, o que corresponde a 31% do total.
Sendo 13 casos arquivados e 159 foram devolvidos para novas diligências policiais, denotando dificuldades de atuação na área, principalmente por falta de provas e inquéritos investigativos.
A psicóloga Flora Fernandes explica que nenhuma classe social está imune a essas situações e que em geral são práticas feitas em casa, no próprio convívio familiar, por parentes, vizinhos e amigos.
No entanto, é sabido que as crianças de classes menos favorecidas são aquelas que estão na ponta mais fraca da corda, pois já vêm de um contexto com falta de condições de desenvolvimento de suas próprias vidas. Estas crianças são aquelas que aparecem nos pontos de prostituição e até de tráfico.
A Polícia Rodoviária Federal mapeou rodovias federais que cortam o Piauí e encontrou 47 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes.
A maior parte dos pontos está no perímetro urbano, onde foram identificados 37 locais de risco, denunciando a forma escandalosa como agem estas pessoas. Outros 10 pontos estão na zona rural.
De acordo com a PRF, o Piauí está na 12ª posição entre as regiões que mais oferecem riscos à violência sexual contra menores. Sobre as denúncias, o Disque 100 revela que no Piauí até 2012 foram feitas 5.269 ligações denunciando crimes contra as crianças e adolescentes.
?A questão da prostituição infantil é ainda mais grave que o abuso em si porque além de implicar violência, diz respeito também à desestruturação familiar, algumas vezes com perda de vínculos.
Fora que envolve trabalho infantil ou de adolescentes que teriam que estar na escola e em atividades formadoras de caráter e, não na rua correndo risco?, afirma Flora Fernandes.
Mais do que números, essas situações deixam graves marcas na constituição destas crianças. A psicóloga conta que a curto prazo pode gerar ansiedade, agressividade, dificuldades de sono, marcas pelo corpo, comportamento hiperssexualizado, medo generalizado, queda do rendimento escolar, isolamento, dentre outros. Já a longo prazo pode acarretar baixa autoestima e dificuldade de relacionamentos interpessoais, por exemplo.
A psicóloga pontua a necessidade de denunciar aos órgãos competentes como Conselho Tutelar, Ministério Público e Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. ?É preciso proporcionar espaço de escuta para esses jovens, saber investigar, respeitar o momento que ela está passando, dar suporte?.