"Foi uma ignorância. Uma falta de sensibilidade e de patriotismo." Assim o analista de vendas William Rodrigo Lopes, de 27 anos, descreve o acidente que matou um jovem de 18 anos e deixou outras 12 pessoas feridas durante protesto que reuniu 20 mil pessoas na noite de quinta-feira (20) em Ribeirão Preto (SP). Lopes estava no cruzamento entre as avenidas José Adolfo Bianco Molina e Professor João Fiúsa no momento em que um carro modelo SUV atropelou os manifestantes. O motorista fugiu sem prestar socorro e não foi localizado até a publicação desta matéria.
O grupo que organizou a manifestação em Ribeirão anunciou pelas redes sociais que um novo protesto será realizado nesta sexta-feira (21) em luto pela morte do manifestante atropelado. A nova passeata está marcada para as 18h30 a partir da Esplanada do Theatro Pedro II até a Avenida João Fiúsa, local em que aconteceu o acidente.
Segundo Lopes, o carro foi contra a manifestação. "O pessoal pediu para que o carro se afastasse para que a manifestação seguisse. No começo ele hesitou, e aí o pessoal começou a se juntar em cima desse carro. Ele começou a afastar. No entanto, eu percebi que ele começou a acelerar e vir contra a multidão. O pessoal começou a se zangar", afirma.
De acordo com o analista de vendas, havia uma mulher dentro do veículo, que segundo ele chegou a brigar com o motorista. "Ela pedia para ele parar, mas ele não parou. Ele acelerou contra a multidão, que ficou mais agitada. Ele começou a atropelar as pessoas. Ficou com o carro entre o canteiro e a rua com umas três pessoas embaixo do carro. Vi claramente uma moça entre a sarjeta e a roda do carro", diz.
Os manifestantes, segundo Lopes, ficaram exaltados e começaram a balançar e a dar chutes no carro. O homem então voltou a acelerar o veículo. "Ele terminou de passar em cima das pessoas, voltou em sentido à rua e pegou o menino que estava na rua em cheio. Aí ele sumiu. Ninguém esperava isso. Era para ter sido uma manifestação bonita, limpa, e acontece essa fatalidade bem aqui, nesse ponto nobre de Ribeirão. Foi uma ignorância, uma falta de sensibilidade e de patriotismo", afirma.
Vítimas
De acordo com o médico intensivista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Leandro Mota, o jovem de 18 anos foi socorrido previamente por médicos que participavam da manifestação. "Quando eu cheguei, ele já estava sem pulso. Alguns colegas que são médicos estavam realizando a Ressuscitação Cardio pulmonar (RCP). Nós o colocamos dentro da nossa viatura para mantê-lo imóvel e dei continuidade nessa reanimação. Infelizmente isso não foi suficiente", explica.
Ainda de acordo com o médico, o jovem apresentava traumatismo cranioencefálico, fratura na coluna cervical e fratura no tórax. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) do município.
Uma mulher teve fratura no membro inferior, de acordo com Mota, e foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na Avenida Treze de Maio. Outra apresentava ferimentos na cabeça e um quadro de traumatismo cranioencefálico leve, e foi encaminhada ao Pronto Socorro Central.