A Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos de Teresina (APADA) atua há 30 anos realizando um trabalho social que vai desde o atendimento médico até o apoio educacional. A instituição funciona a partir da ajuda da Prefeitura Municipal de Teresina, através da Fundação Municipal de Saúde, e do Governo do Estado do Piauí, através da Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
A entidade funciona com dois polos. O de saúde, através da Clínica Apada, funciona atendendo 200 crianças, jovens e adolescentes, sobretudo deficientes auditivos, mas também muitos estudantes com transtorno do espectro autista (TEA) e com deficiência intelectual.
Além disso, a Casa do Silêncio ensina a linguagem brasileira de sinais, Libras. Assim, os estudantes aprendem os conteúdos da escola na língua que eles podem entender. Ao todo, 70 alunos, a partir de cinco anos, são beneficiados. Ao todo, a Apada realiza cerca de 62 mil atendimentos ao ano.
O espaço, que fica localizado ao lado do Estádio Verdão, oferece terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia, fisioterapia, médico neurologista, assistente social e professores especializados. No núcleo social, a ONG disponibiliza uma equipe psicossocial para acompanhamento de famílias em situação de vulnerabilidade social.
Para Poliana Santos, assistente social, a Apada tem um papel relevante na sociedade no amparo a esse grupo de pessoas. "A gente promove a inclusão social da pessoa com deficiência, com atendimento integral”, aponta.
O trabalho desenvolvido pela Apada é de referência. “Nós temos muito êxito nesse trabalho. Precisamos de mais apoio da sociedade, gestores e das famílias no entendimento desse processo, que é lento. Mas estamos fazendo um bom trabalho nessa conquista que está começando. Queremos garantir responsabilidade social", acrescenta.
O direito à comunicação
Você sabia que a comunicação é considerada um direito humano? Para a professora Maria de Lourdes, intérprete de Libras, é necessário garantir que os deficientes auditivos possam conversar. "A partir do momento que a gente comunica e eles entendem é um grande momento de nossas vidas. Tanto para eles como para mim. A língua brasileira de sinais é a língua deles. Nós aprendemos para entrar no mundo deles", revela.Maria de Lourdes explica que muitas crianças com deficiência auditiva acabam com atraso escolar em razão da limitação da comunicação. "A faixa etária de uma criança de cinco anos se iguala com uma de 12 a 15. Depende de muitos fatores. Algumas chegam sem saber de nada. Cada um tem seu processo", avalia.
Eduardo Felipe, por exemplo, está em uma das turmas da Casa do Silêncio. Ele agora aprende a se comunicar com os colegas e faz questão de se expressar. "Eu gosto de estudar aqui na Apada. É uma escola onde aprendo a ler e escrever porque eu realmente preciso para ser um cidadão", considera.
Linda Araújo, de 15 anos, é ouvinte, mas está aprendendo libras para aprender a falar com os colegas. “Eu queria aprender a estudar libras. Quando eu crescer quero ter uma comunicação melhor. O conteúdo aqui é muito proveitoso. Eu cheguei um dia desses e já consigo entender muito”, revela.
Acompanhamento multidisciplinar
A casa também atende muitas crianças com deficiência intelectual. Psicólogos, fonoaudiólogos, médicos e fisioterapeutas estão à disposição das famílias. Marlucia da Silva, por exemplo, acompanha a pequena Indianara, de três anos. "Eu vim por indicação para trazer ela, que é autista. Ela não fala ainda", conta.
Eryka Alencar, funcionária pública, acompanha o pequeno David Alencar, de 3 anos. "A psicóloga indicou a Clínica Apada. Ele não tem um laudo, mas estamos tentando identificar o que ele tem. O atendimento é muito bom", considera.
Marcelya Ximenes, fisioterapeuta, conta um pouco sobre como funciona o trabalho na Clínica Apada. "A gente dá um reforço no aeróbico. Quando existe um problema motor a gente também cuida. Temos crianças autistas e com deficiência de paralisia cerebral, síndrome de down. O público é variado", conta.
Adriel de Sousa, de 8 anos, faz acompanhamento psicomotor. “Eu quebrei o fêmur e coloquei um ferro. Então estou fazendo fisioterapia e não sinto mais dores. Venho com minha mãe e meu irmão”, finaliza.