O advogado Marcus César Braga, que defende o médico Denis Furtado e a mãe, Maria de Fátima Furtado, disse na manhã desta sexta-feira (30) que é preciso averiguar o que aconteceu com a paciente Lilian Calixto depois que ela deu entrada no hospital. Lilian morreu depois de se submeter a um procedimento estético na cobertura do médico, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
"Tem de ser apurado o que aconteceu no hospital porque a cliente saiu andando da casa do médico. As imagens mostram isso. Ela não se sentiu bem e foi levada por meu cliente para o hospital, mas foi vedado o acesso dele à paciente no hospital. Não sei informar o que aconteceu. É uma questão complexa que demanda indagações técnicas", disse o advogado.
Braga também informou que o médico se entregou no seu escritório, negando que a PM tenha prendido Furtado e a mãe depois de uma denúncia anônima. "Eu apresentei o médico, já tinha combinado com a delegacia. Tanto que pedi o apoio da PM para garantir a integridade física do meu cliente e minha também", disse Braga.
"As pessoas estavam exaltadas, e houve até quem batesse no carro da PM." O médico e a mãe foram ouvidos durante a madrugada e darão novos depoimentos na 16ª DP (Barra da Tijuca), onde passaram a noite.
Versão investigada pela polícia
A cronologia do caso, segundo as investigações, é diferente da sustentada pela defesa. Lilian, acreditando que seria atendida numa clínica, chegou no início da tarde à cobertura do médico. Quem a deixou lá foi um taxista, testemunha-chave do caso, previamente contratado. O motorista fora indicação da amiga da bancária que fizera o procedimento semanas antes.
O depoimento do taxista, de quem Denis alega não se lembrar, relata que o Dr. Bumbum desceu à portaria no meio da noite. Lilian passara a tarde ligando para o motorista, para mantê-lo informado, e ele estranhou quando, à noite, a bancária deixou de dar notícias.
Ao ligar para o celular dela, o taxista foi abordado pelo médico, que lhe deu R$ 300 e mandou ir embora, mentindo que Lilian ficaria para jantar. Ela já estaria sofrendo complicações.
Boletim médico divulgado pelo Barra D'Or afirma que Lilian chegou com falta de ar, taquicardia e pele azulada. Ela morreria horas depois, com três paradas cardíacas.
CRM cassado
O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) cassou, quinta-feira (19), o registro do médico Denis Cesar Barros Furtado, o Dr. Bumbum. Cabe recurso.
A decisão será submetida ao Conselho Federal de Medicina (CFM). "Estão sendo cumpridos os prazos e as etapas administrativas previstas na legislação competente", informou o CRM-DF, por meio de nota.
Ficha criminal de Denis
Dr. Bumbum tem anotações criminais antigas por homicídio, porte ilegal de arma e ameaça:
Homicídio (1997)
Porte de arma (2003)
Crime contra a ordem pública (2003)
Resistência à prisão (2006 e 2007)
Exercício arbitrário da própria razão (2007) - quando a pessoa excede no direito de reagir em legítima defesa
Violação de domicílio (2007)
O médico é réu em mais de 10 processos no Tribunal de Justiça do Rio. Um deles, junto com a mãe, por conta da venda de um apartamento. O comprador alega que pagou R$ 100 mil, além de ter pagado dívidas de condomínio e IPTU. Mas o imóvel teria sido invadido por Maria de Fátima, que teria se recusado a assinar a escritura.