O advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende Caio Silva de Souza, 22, e Fábio Raposo, 22, suspeitos de acender e atirar o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, da "Rede Bandeirantes", durante protesto no centro do Rio de Janeiro, na quinta-feira (6), afirmou que se os dois começarem a se contradizer em depoimentos, pode abandonar o caso.
"Se começar a haver colisão entre eles, então fica difícil de exercer a defesa que eu quero. Eu tenho elementos para poder descaracterizar o enquadramento da autoridade policial, (...) mas esses elementos só são úteis se eles ficarem juntos", disse Nunes em entrevista à rádio "CBN".
O advogado se referia ao depoimento de Caio, no qual afirmou que o tatuador foi quem acendeu o rojão que atingiu o rosto de Santiago. Ele diz ter apenas segurado o explosivo e colocado no chão. As informações são do jornal "Extra", que teve acesso ao depoimento dado por Souza a policiais da 17ª DP (São Cristóvão), no Complexo de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio, onde ele está preso.
Em entrevista à "TV Globo", na quarta-feira (12), no entanto, Souza disse que ele havia acendido o rojão, e não Raposo. No depoimento, ele afirma conhecer Raposo das manifestações e diz ter imaginado que o artefato era um sinalizador.
Souza diz ainda que há pessoas encarregadas de distribuir pedras e apetrechos nos protestos, outras que aliciam jovens para participarem de passeatas e que ele já foi convidado a participar de forma remunerada. Ele conta ter visto 50 quentinhas chegarem à Câmara dos Vereadores do Rio, no fim de 2013, para alimentar ativistas que ocupavam o local.
O jovem negou saber quem são estas pessoas, mas afirma que elas existem. Souza afirma também já ter visto um papel com a contabilidade do dinheiro distribuído aos manifestantes na página do Anonymous Rio e do Black Bloc, no Facebook. O rapaz diz acreditar que os partidos que levam bandeira são os mesmos que pagam os manifestantes. Souza conta já ter visto bandeiras dos partidos PSOL, PSTU e FIP (Frente Independente Popular). Os dois partidos políticos citados negam ser os financiadores das manifestações.