O caos aéreo provocado pela erupção do vulcão da geleira de Eyjafjallajoekull, na Islândia, iniciada na quarta-feira, piorou neste sábado e praticamente não há voos partindo ou chegando a aeroportos do norte e centro da Europa.
Segundo a Eurocontrol - agência que controla o tráfego aéreo em 38 países europeus - pelo menos 23 países fecharam seu espaço aéreo total ou parcialmente.
A Grã-Bretanha estendeu o fechamento de seu espaço aéreo até o domingo de manhã, e os aeroportos do norte da França e do norte da Itália permanecerão fechados até segunda-feira.
Neste sábado, cerca de 17 mil voos europeus foram cancelados por causa da nuvem de cinzas expelida pelo vulcão da Islândia, que se move lentamente em direção ao leste e sul da Europa.
A previsão é de que as condições climáticas permaneçam as mesmas, bem como a direção do vento, o que significa, segundo a Eurocontrol, que a situação não deve mudar até domingo pela manhã.
Milhões de passageiros foram afetados pelas restrições aéreas, adotadas na quinta-feira. As companhias aéreas estão perdendo cerca de R$ 350 milhões por dia com o fechamento sem precedentes da aviação comercial.
As cinzas expelidas pelo vulcão - uma mistura de partículas de vidro, areia e rocha - podem danificar seriamente os aviões, entupindo as turbinas e fazendo com que os motores parem de funcionar em pleno ar.
Cancelamentos
Na sexta-feira, cerca de 18 mil voos foram cancelados, duas vezes mais do que na quinta-feira.
A Grã-Bretanha estendeu o fechamento de seu espaço aéreo pelo menos até às 07h00 de domingo (hora local, 3h00 de Brasília).
Muitos outros países - da República da Irlanda até a Rússia - também fecharam seu espaço aéreo.
O vulcão permanece em erupção neste sábado. Cientistas islandeses disseram que é impossível prever quando a erupção vai acabar, e que ela pode durar meses.
Segundo a meteorologia da Islândia, os ventos que estão soprando a nuvem de fumaça em direção ao sul e ao leste devem continuar na mesma direção pelos próximos dois dias, pelo menos, empurrando as cinzas para o norte e centro da Europa.
De acordo com o cientista David Rothery, do departamento de ciências terrestres da Open University, na Grã-Bretanha, há uma "quantidade significativa" de cinzas na coluna de fumaça expelida pelo vulcão, segundo as imagens mostradas ao vivo por webcameras da Islândia.
"A coluna está pulsando em altura, enquanto novas explosões ocorrem na cratera ativa. É possível ver cortinas de cinza por trás da fumaça, de tempos em tempos."
Segundo Rothery, as minúsculas partículas das cinzas no alto da coluna deverão ser carregadas para o alto pelos ventos, contribuindo para a nuvem de cinzas que se desloca sobre a Europa.
Teste
A companhia aérea holandesa KLM realizou um voo teste neste sábado para analisar se é seguro voar e se o problema das cinzas continua.
Autoridades disseram que o avião, um Boeing 737, atingiu sua altitude máxima operacional - cerca de 13 quilômetros - sobrevoando a Holanda, e que nenhum problema foi registrado durante o voo.
O avião e seus motores depois iam ser inspecionados para que fossem checados possíveis danos.
Se o resultado da inspeção for positivo, a empresa espera obter autorização das autoridades para voltar a voar.
Segundo a Autoridade Internacional de Aviação, os transtornos causados pela nuvem de cinzas à aviação ultrapassam os experimentados depois dos atentados de 11 de setembro, em 2001.
Um porta-voz da organização disse que o impacto financeiro também pode ser pior.
Alternativas de transporte
Na Europa, passageiros estão buscando alternativas como trens, ônibus e barcas.
O serviço Eurostar, que liga a Grã-Bretanha ao continente europeu está lotado até segunda-feira.
"Em termos de fechamento de espaços aéreos, isso é pior que 11 de setembro. A interrupção é pior do que qualquer coisa que já vimos", disse um porta-voz do órgão que regulamenta a aviação na Grã-Bretanha, a Civil Aviation Authority.
Entre os milhares de pessoas afetadas pela nuvem de cinzas vulcânicas estão a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que foi obrigada a pousar em Portugal na sua volta dos Estados Unidos, e a cantora americana Whitney Houston, que foi forçada a viajar de carro da Grã-Bretanha para a Irlanda para fazer um show.
A segunda erupção do vulcão da geleira de Eyjafjallajoekull em um mês começou na quarta-feira, lançando uma nuvem de fumaça a uma altura de 11 quilômetros na atmosfera. Uma fissura de 500 metros apareceu no topo da cratera.
O calor do vulcão derreteu parte do gelo em volta, provocando enchentes na região na quarta-feira.
Nos primeiros momentos, cerca de 800 pessoas tiveram que abandonar as suas casas. O vulcão, no entanto, continuou emitindo nuvens de poeira em direção à Europa.
Especialistas não sabem quanto tempo esta erupção deve durar. A última erupção vulcânica debaixo da geleira, antes deste ano, começou em 1821 e continuou por dois anos.