Agentes dos EUA são instruídos a empurrar crianças e bebês migrantes em rio

O policial Nicholas Wingate denuncia as ações como “desumanas” na fronteira e pede ainda, mudanças nas políticas.

Agentes denunciam como uma "ação desumana" | Brandon Bell / Getty Images North America
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

Agentes dos Estados Unidos, que trabalham na fronteira com o México, foram instruídos a empurrar crianças migrantes no Rio Grande, que divide os países, e a negar água para pessoas que tentam entrar no território americano de forma ilegal, revelou o jornal The Guardian, com base em mensagens publicadas pelo Houston Chronicle.

De acordo com uma mensagem do policial Nicholas Wingate, do Departamento de Segurança Pública do Texas, ele denuncia as ações como “desumanas” na fronteira e pede ainda, mudanças nas políticas para os migrantes. Os casos ocorreram entre os dias de 24 de junho a 1º de julho deste ano.

Conforme as informações, no dia 25 de junho, os policiais encontraram um grupo de 120 pessoas tentando cruzar o rio, incluindo crianças e bebês de colo. Elas estavam exaustas e com fome, mas, mesmo assim, o comandante ordenou que os agentes da patrulha "empurrassem as pessoas na água, de volta para o México"

No dia 30 de junho, os policiais encontraram uma menina de quatro anos que desmaiou devido ao calor de 38º C. Infelizmente, ela e o grupo que a acompanhava também foram empurrados para o rio. Neste mesmo dia, Nicholas Wingate relata que uma migrante grávida ficou presa em um arame farpado e teve um aborto no local.

Agentes dos EUA são instruídos a empurrar crianças e bebês migrantes em rio | Foto: Suzanne Cordeiro - AFP

"O fio [...] não passa de uma armadilha desumana em águas altas e com baixa visibilidade. Devido ao calor extremo, a ordem para não dar água às pessoas também precisa ser revertida imediatamente. Acredito que ultrapassamos a linha do desumano", acrescenta Wingate no email.

A reportagem também procurou o porta-voz do Departamento de Segurança do Texas, Travis Considine. Ele afirmou que as alegações do funcionário estavam sob investigação. Na oportunidade, ele negou que o departamento tenha como política rejeitar água para os migrantes ou empurrar as pessoas no rio.

Em contra partida, Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa Branca, disse à agência de notícias Associated Press que, se verdadeiro, o relato configura ações "horríveis" e "perigosas".

"Estamos falando sobre valores fundamentais do nosso país e a indecência humana que estamos vendo. Se isso for verdade, está completamente errado”, disse Jean-Pierre.

Carregue mais
Veja Também
Tópicos
SEÇÕES