A falta de chuva no Rio Grande do Sul continua castigando principalmente moradores de áreas rurais e mais afastadas, como o agricultor Duclécio Duarte, de 45 anos, que ficou um mês sem beber água limpa. Às margens da propriedade dele fica o Rio Jacuizinho, porém, a água é imprópria para consumo. A Prefeitura de Arroio do Tigre, na região Centro-Serra, já localizou uma vertente para abrir uma fonte.
A necessidade de água para beber e cozinhar, no entanto, fizeram com que o agricultor pegasse água do rio. "O dia em que abri a torneira e não saiu água foi muito ruim. Minha mulher queria fazer o almoço e não tinha nada, então eu tive que ir ali pegar. Inclusive meu filho e ela ficaram doentes com dor na barriga, mas era o que tinha", conta Duarte.
"Se ele não tivesse essa vertente, o município teria que trazer um caminhão-pipa na propriedade dele. Ou ele teria que ir embora para a cidade, não teria como ficar", avalia Romildo Seibert, diretor da Secretaria de Agricultura de Arroio do Tigre. Segundo ele, a água do rio também tem defensivos agrícolas, o que pode causar problemas de saúde.
Arroio do Tigre tem 12,6 mil habitantes, e a economia é 60% agrícola, com produção de feijão, milho e fumo. O prejuízo com a estiagem, segundo o prefeito Marciano Ravanello, chega a R$ 30 milhões.
De acordo com Seibert, não chove em quantidade considerável desde outubro do ano passado na região. "Teria que chover mais de 100 mm para poder criar água no Rio Jacuizinho", diz. Segundo ele, o rio está 3 metros abaixo do nível normal.