Os agricultores familiares que aumentaram sua renda produzindo hortaliças, legumes e frutas no Piauí e viram as suas famílias melhorarem de vida e os filhos serem aprovados para as universidades, não admitem ser chamados de nova classe média. A secretária estadual de Planejamento, Rejane Tavares, disse que se percebe nitidamente uma mudança na qualidade de vida dos agricultores familiares. “O que é natural. Todos os segmentos sociais têm que ter melhorias em sua qualidade de vida, e agricultura familiar também tem”.
Ela aconselha às pessoas não se apegarem ao paradigma do passado, que era o agricultor familiar um homem com uma enxadinha nas costas. A secretária afirmou que se tem hoje os agricultores familiares se apropriando da tecnologia, estão produzindo alimentos sem agrotóxicos, alimentos saudáveis e conseguindo uma posição no mercado porque o mercado também pede isso.
“É uma produção familiar que agrega valor, emprega pessoas, é uma produção de alimentos sem agredir o meio ambiente, se tem o equilíbrio ambiental. No momento em que se vive, a agricultura familiar tem seu valor e prova que é possível produzir alimentos com equilíbrio ambiental e produzindo alimentos para alimentar o Brasil”, afirmou Rejane Tavares..
Para chegarem neste estágio, os agricultores familiares estão sobrevivendo há décadas e estão sendo beneficiados com uma política pública concebida há 15 anos, que deu acesso ao crédito e a tecnologia. Rejane afirma que o atual Governo Federal não dá condições reais aos agricultores familiares, que eram dadas há 15 anos.
”Apesar das dificuldades, os agricultores familiares estão, como todo mundo, enfrentando as adversidades. O que a agricultura familiar está mostrando hoje ao Brasil é fruto de uma organização social e do trabalho em cooperativa”, declarou Rejane Tavares.
Agricultores produzem com maior valor agregado
Antes acostumados a produzir milho, feijão, melancia, mandioca e macaxeiras, agricultores familiares do Piauí produzem tomates, tomates-cerejas, abobrinhas, abóboras, melancias, cajus, galinhas caipiras e suínos porque têm maior valor agregado.
“Nós estamos priorizando alguns arranjos produtivos que têm uma condição de renda mais elevada, é o caso da fruticultura”, afirmou o governador Wellington Dias (PT).
Ele afirmou que a fruticultura é uma realidade no Piauí, o que criou uma nova classe média que trabalha com psicultura com maior profissionalismo.
“Esta parte que trabalha com gado de corte, com caprinos e ovinos, com o gado leiteiro, também em uma linha de profissionalização. O Governo do Estado, além de fazer uma reformulação na assistência técnica também está trabalhando com uma forma de financiamento voltada para a tecnologia e modernização no sistema de produção”, afirmou.
O governador declarou que o Piauí tem uma história agrícola, mas ainda tem uma presença muito antiquada no campo. “Ainda se precisa de uma atualização”, falou Wellington Dias.
“Ainda temos na agricultura familiar, o homem da enxada, plantando em local que tem água, mas fica esperando se chove ou não chove, ainda plantando os grãos em vez de sementes selecionadas, não usam a tecnologia apropriada. Esse é o nosso desafio”.(E.R)
Programa investe mais de R$ 1 milhão em projetos produtivos
A Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), por meio do Programa de Geração de Emprego e Renda no Meio Rural (Progere II), investiu mais de R$ 1 milhão em projetos produtivos de caprinocultura, apicultura e quintais produtivos, apenas em 2021. Até o momento, foram contempladas 120 famílias dos territórios dos Cocais, Carnaubais e Entre Rios. Neste mês de maio, o programa liberou mais uma rodada de investimentos em projetos produtivos que atendem 45 famílias dos municípios de Esperantina e Palmeirais.
Em Esperantina, a comunidade Quilombola Olho d’Água dos Negros, está sendo beneficiada com o projeto de construção de uma cozinha comunitária e aquisição de equipamentos e utensílios e implantação de quintais produtivos. O investimento é de R$249.713,41.
A diretora do Progere II, Janaína Mendes, explica que a comunidade quilombola Olho D’Água dos Negros cria tradicionalmente galinha caipira, no entanto, não fazia uso da tecnologia para manejo adequado e produção planejada. “Com os quintais produtivos, cozinha comunitária e biojoias, as famílias beneficiadas passam a ter acompanhamento técnico para que possam desenvolver a criação de galinha com tecnologias de melhora do manejo e bom escalonamento na criação. Além disso, a instalação de roças agroecológicas proporciona insumos para a fabricação da ração, manejo das fruteiras a serem utilizadas na cozinha comunitária e a coleta de sementes para a confecção das biojoias”, esclarece.
No Assentamento Ernesto Che Guevara, localizado na zona rural de Palmeirais, as ações do Progere II pretendem fortalecer a atividade da ovinocultura e a ampliação da produção. O investimento é de R$ 241.270,55. “A ideia é ofertar produtos de qualidade com regularidade, reduzindo os custos de produção. O rebanho a ser adquirido será mestiço das raças Dorper e Santa Inês para melhoramento genético e, consequentemente, melhor rendimento de carcaça dos animais em menos tempo e maior taxa de natalidade/ano por animal. Além disso, o projeto executará obra de uma rede de distribuição em média tensão 13.8KV com extensão de 0,5 km e implementação de uma subestação de área trifásica de 30KVA, com o objetivo de apoiar o aumento da produção”, explica Janaína Mendes.
O Progere II é fruto da parceria entre o Governo do Estado e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), por meio do Projeto Piauí Pilares do Crescimento e Inclusão Social, beneficiando diversos municípios com ações de fortalecimento da agricultura familiar e geração de renda e desenvolvimento rural sustentável. O programa conta com a assistência técnica do Emater, Cootapi, CEAA e Campo Agropecuária.