As chuvas persistindo no Rio Grande do Sul há uma semana, conforme alertado pela infectologista Stephanie Scalco, estão propensas a desencadear uma série de doenças. A interação com água contaminada pela urina de ratos pode resultar em casos de leptospirose, uma condição que, em situações graves, pode levar à morte. Além disso, a estagnação da água favorece a proliferação do mosquito transmissor da dengue, aumentando o risco de surtos. Até a última segunda-feira (6), os temporais no estado já haviam registrado 85 mortes.
TRANSMISSÃO DE DOENÇAS: A infectologista, que também atua como gestora médica do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre, alerta para os perigos das águas que invadem as cidades ao se misturarem com o esgoto. Essa combinação pode resultar na transmissão de doenças como hepatite A, gastroenterite viral e bacteriana, leptospirose, além de parasitoses intestinais.
SINTOMAS MAIS COMUNS: Os sintomas podem variar dependendo da doença, mas, conforme a médica, podem surgir logo após a ingestão da água. Ela destaca que diarreia, vômito e mal-estar são os sintomas mais comuns após a ingestão e podem aparecer até 24 horas depois da exposição. Em contrapartida, a leptospirose pode apresentar um período de incubação que varia de três a 20 dias, podendo levar a óbito em casos mais graves.
COMO SE PREVENIR? Segundo a especialista, a principal medida para prevenir essas doenças é evitar o contato com águas de enchentes. Contudo, se isso não for possível, existem várias precauções que podem ser adotadas. Algumas delas incluem:
- Não entrar em contato com a água em caso de ferimentos abertos (caso não seja possível, tapar o local)
- Não ficar submerso na água por mais de 15 minutos
- Usar roupas que cubram todas as partes da pele (calças, botas, luvas)
- Não ingerir a água
- Se a única água disponível para consumo for a da enchente, fervê-la antes
CASOS DE DENGUE: A infectologista Stephanie Scalco adverte que, devido às enchentes que resultam em água estagnada, é provável que os casos de dengue aumentem no estado devido à proliferação do mosquito. Segundo o último comunicado da Secretaria de Estado de Saúde (SES), a doença já causou a morte de 126 pessoas no estado até o ano de 2024.
85 MORTOS E 134 DESAPARECIDOS: Segundo informações da Defesa Civil, até a noite de segunda-feira (6), havia sido confirmado o trágico saldo de 85 mortos e 134 desaparecidos, com outros quatro óbitos sob investigação. O impacto se estendeu por 385 dos 497 municípios do estado, afetando cerca de 1,178 milhão de pessoas. Desse total, 201,5 mil estão deslocadas de suas residências, com 47,6 mil abrigadas em locais de acolhimento e 153,8 mil buscando refúgio em residências de familiares ou amigos.