Diretores da Air France informaram aos familiares franceses de ocupantes do voo 447 que não há esperanças de encontrar sobreviventes.
"O que está claro é que não houve pouso. Não há possibilidade de os dispositivos de salvamento terem sido acionados", afirmou nesta quinta-feira Guillaume Denoix de Saint-Marc, acionado para ajudar no aconselhamento nas famílias de vítimas.
O diretor-geral da companhia aérea, Pierre-Henri Gourgeon, e o presidente da empresa, Jean-Cyril Spinetta, se reuniram com os familiares dos passageiros em um hotel próximo do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, na quarta-feira (3) para fazer o comunicado, segundo Saint-Marc.
Muitos familiares das 72 vítimas francesas do Airbus da Air France que caiu no oceano Atlântico permaneciam nos hotéis próximos ao aeroporto Charles de Gaulle com esperanças de receber notícias sobre os parentes.
Destroços
O ministro de Defesa do Brasil, Nelson Jobim, anunciou ontem que foram localizadas peças internas do Airbus. "Não há mais dúvida da situação de queda neste local", disse Jobim.
Equipes da Aeronáutica avistaram no oceano manchas de óleo em uma extensão de 20 km, peças metálicas, objetos azuis triangulares e objetos brancos --que seriam da parte interna da aeronave.
Jobim afirmou que as manchas de óleo localizadas no oceano indicam que a aeronave não explodiu. Não há hipóteses claras sobre o que pode ter derrubado a aeronave, mas já há certeza de que o avião sofreu despressurização e uma pane elétrica, porque a aeronave enviou alerta automático do tipo durante o voo. Sabe-se também que a aeronave enfrentou forte turbulência.
Membros do escritório francês de pesquisas e análises (BEA, na sigla em francês), responsável pela investigação do acidente com o Airbus-A330, afirmaram que a aeronave viajava com velocidade "incorreta" no momento da queda. O BEA não especifica se a velocidade estava acima ou abaixo do recomendado e diz que vai aguardar mais evidências antes de apontar uma causa para o acidente, porque trabalha com várias hipóteses.
A revista francesa "Le Point" publicou ontem em seu site na internet a informação de que entre as mensagens automáticas recebidas do voo 447 pela Air France haveria a indicação de que sensores externos do Airbus enfrentaram congelamento severo. Se congelaram, os sensores podem passar a informar dados errados ao computador de navegação, como altitude e inclinação do nariz, mostra reportagem de Igor Gielow publicada na edição desta quarta da Folha.
O diretor-presidente da entidade de aviação civil Fly Training Center e chefe dos pilotos da Jet Set Brasil Táxi Aéreo, Luís Guilherme Andrade, 37, diz que uma falha estrutural grave pode ter derrubado o avião, embora creia que a causa jamais será descoberta.