“Além de água, tem peixe e até cobra na minha casa”, diz vítima de enchente

Em todas essas residências, a água continua na altura do joelho nesta sexta-feira

Chuvas castigam moradores | Divulgação
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Além do alagamento causado pela forte chuva que castigou a Baixada Fluminense nos últimos dois dias, os moradores da Rua Francisco Azevedo Teixeira Alves, em Pilar - um dos bairros mais atingidos no município de Duque de Caxias ? também sofrem com o esgoto que transbordou de um valão e invadiu as casas. Em todas essas residências, a água continua na altura do joelho nesta sexta-feira (13).

?Dentro da minha tem peixe e até cobra, todo o esgoto saiu. O pior é que entrou nas nossas casas, é o maior perigo. A prefeitura afirma que aqui existe uma pavimentação com praça e não tem nada disso?, protesta a universitária Alba Cristina Pereira, que se mudou para a casa da mãe, junto com o marido e a filha.

Na casa de Alba, todos os móveis estão dentro d?água. O armário novo foi o que ela mais lamentou. Moradora de Pilar há mais de 20 anos, a estudante contou que nunca viu algo parecido: ?A gente organiza as coisas, compra com esforço e acontece isso. Dá vontade de desistir de tudo, mas, como tenho filho, tenho que lutar?.

O cheiro de mofo está em todas as moradias. Em algumas, as pessoas resistem em sair com medo de os pertences serem roubados. Dona Dalvina Dalva, aposentada, disse que ela mesma, com 70 anos, levantou os móveis e pretende aterrar toda a água que continua em sua casa.

?Não vou sair porque minhas coisas de valor estão aqui, vou esperar a água descer. Perdi quase tudo. Mas ainda bem que a gente está viva. Foi um desespero, não desejo isso a ninguém?, disse a idosa, que está dormindo na casa da filha, no andar de cima da casa.

Tanto Dalvina, como Alba e todos os moradores da rua, contaram que o valão sempre enche em dia de chuva e já cansaram de comunicar à prefeitura. Dessa vez, o problema foi que o esgoto transbordou.

No abrigo Lar Amor Maior, que fica no bairro Jardim Primavera, em Caxias, estão 60 pessoas desalojadas. Foi para lá que a catadora Kátia Cilene dos Santos se refugiou, desde quarta-feira (11), com os cinco filhos.

?Entrou muita água, cobra, rato, tudo. Enquanto não secar eu não volto. Perdi muita coisa?, contou ela, moradora do bairro Campos Elíseos.

A presidente do abrigo, Rosita Alves, diz que o local precisa de doações voluntárias de roupa de cama, comida, roupas íntimas e calçado para crianças. A casa fica na Rua Coronel Silva Barros, número 1001, bairro Jardim Primavera.

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