Alimentadas com restos de comida, emas da Presidência morrem com obesidade

O novo governo identificou que os animais foram alimentados com restos de comida humana durante a gestão Jair Bolsonaro (PL)

emas | reprodução
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Duas emas da Presidência da República morreram neste mês com quadro de excesso de gordura. Após assumir os palácios presidenciais, o novo governo identificou que os animais foram alimentados com restos de comida humana durante a gestão Jair Bolsonaro (PL). 

Jair Bolsonaro mostra cloroquina para ema Imagem: REUTERS/Adriano Machado

A reportagem da UOL teve acesso com exclusividade a documentos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da Casa Civil que mostram que animais estão sem acompanhamento veterinário e, em sua maioria, em instalações inadequadas. As informações foram confirmadas pelo governo federal, que aponta que a gestão Bolsonaro destinou apenas um terço do orçamento anual necessário para a manutenção dos animais. 

Nas últimas semanas, alguns deles foram encaminhados ao Zoológico de Brasília, sob acompanhamento do Ibama, para ficarem em ambientes adequados. O governo diz estar avaliando medidas para evitar novas mortes. As duas emas mortas estavam na Granja do Torto, uma das residências oficiais da presidência, ocupada até o meio de dezembro pelo ex-ministro Paulo Guedes. Uma delas morreu na segunda semana de janeiro e outra, na última semana, de acordo com a planilha de contagem de animais feita pela presidência.

Em 6 de janeiro, a pedido da primeira-dama Janja da Silva, houve uma avaliação dos animais nas residências. De acordo com o relatório, a maioria apresentava "bom estado geral de saúde", mas estava em "instalações inadequadas". Na semana seguinte, o primeiro animal morreu. Na autópsia preliminar, foi identificado excesso de gordura visceral, abdominal e no fígado dos animais.

De acordo com técnicos que acompanharam tanto o processo de avaliação quanto a autópsia dos animais, a morte súbita "fecha com o quadro" de doenças cardíacas e hepáticas, "desencadeadas provavelmente pelo mau manejo alimentar durante os últimos anos". O laudo final sobre as mortes deve sair em duas ou três semanas, mas os técnicos comentaram nunca terem visto uma ave "com tanta gordura". 

Os animais estavam sendo alimentados com restos de comida humana misturada a rações, segundo os técnicos que fizeram o acompanhamento em janeiro. Atualmente, há 17 emas na Granja do Torto e 38 no Palácio da Alvorada. Diariamente, os animais estavam comendo arroz e milho junto à ração, o que desbalanceia a dieta e contribui para o aumento do peso dos bichos de forma desequilibrada. 

A suspeita é de que a mistura foi adotada em razão da baixa quantidade de ração disponível. Segundo o governo federal, a gestão Bolsonaro destinava apenas um terço do orçamento necessário para a compra dos alimentos. Enquanto o gasto estimado para manutenção de todos os animais instalados nos palácios presidenciais é 20 mil grãos por ano, o destinado em 2022 foi de apenas 7 mil.

O principal problema e recomendação sendo o relatório é a falta de acompanhamento técnico por um profissional —algo dispensado pela gestão Bolsonaro. É importante que as residências oficiais tenham um responsável técnico para acompanhamento permanente dos animais.Relatório veterinário.

Emas que vivem no Palácio do Planalto (Crédito: Ichiro Guerra/PR)

A consultoria foi chamada por Janja. O texto destaca que as aves não foram vacinadas contra a doença de Newcastle, que já registrou surto em São Paulo, e que é preciso realizar uma "adequação nas instalações". Segundo técnicos que avaliaram os locais, os problemas das instalações inviabilizavam cuidados básicos dos bichos, como vacinação, e até na segurança para reprodução. Muitos dos animais perderam seus filhotes por falta de ambiente adequado.

Alguns animais foram transferidos para o Zoológico de Brasília por não estarem em instalações adequadas nos palácios. São eles: 

4 papagaios 

3 ararascanindé 

2 pavões 

1 periquito-de-encontro-amarelo 

1 pássaro-preto.

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