A Universidade Federal do Amapá (Unifap) divulgou neste sábado (20) uma nota de repúdio, depois que alunos denunciaram nas redes sociais um professor da instituição que teria praticado apologia ao nazismo. De acordo com as imagens, o monitor está com uma garrafa d’água adesivada com um símbolo supremacista.
"Informamos que já estamos adotando as medidas administrativas de competência desta superintendência para garantir a apuração rigorosa dos fatos informados publicamente em redes sociais na noite da última sexta-feira", diz o comunicado oficial.
No Twitter, alunos postaram foto do professor com essa garrafa adesivada com um símbolo nazista. Segundo eles, tratava-se de uma aula do curso de Enfermagem, situação contrariada pela universidade. A instituição não citou o nome do professor nem confirmou que se tratava de uma classe do curso de Enfermagem. A denúncia foi repercutida no perfil oficial da União Nacional dos Estudantes (UNE).
“É preciso que a universidade apure com urgência. A utilização de símbolos nazistas não é liberdade de expressão, nazismo é crime”, diz a manifestação da entidade.
No Brasil, a apologia ao nazismo é crime tipificado na Lei do Racismo (7.716/1989), que prevê reclusão de um a três anos e multa. A Unifap também manifestou, na nota divulgada em seu site oficial, "total repúdio a discursos de apologia ao nazismo que, além de crime, configuram um atentado reconhecido contra a dignidade e os direitos da pessoa humana".
"A Universidade, como espaço formativo, tem a responsabilidade de construção de uma formação cidadã baseada na promoção e defesa de direitos." Ainda segundo a universidade, qualquer denúncia que envolva a violação de direitos humanos deve ser encaminhada à Ouvidoria para que a Superintendência de Ações Afirmativas e Direitos Humanos da Unifap (Supadh) possa atuar.
TESTEMUNHO DE EX-ALUNA
Janaina Corrêa, diretora de Mulheres da UNE, de 26 anos, diz já ter sido aluna do professor acusado de apologia ao nazismo entre 2017 e 2018, quando ainda cursava enfermagem na Unifap — hoje, cursa Ciências Sociais. Ela conta que, durante o período, presenciou atitudes e discursos "preconceituosos", com "teor machista e homofóbico" do docente.
A estudante se deparou com a denúncia em um grupo de mensagens que reúne alunos dos vários cursos da instituição, antes que ela caísse nas redes.
"Fui falar com alguns colegas que estudaram comigo quando fazia enfermagem e concluíram o curso. Uma das estudantes me relatou que outro caso de apologia ao nazismo da parte dele foi denunciado para a coordenação do curso", afirmou ao Estadão.
NOTA DA UNIVERSIDADE
A Superintendência de Ações Afirmativas e Direitos Humanos da Unifap (Supadh), constituída para implementar a política de Diretos Humanos da Universidade, vem a público informar à comunidade acadêmica que já tomou conhecimento de denúncias envolvendo prática de apologia ao nazismo nas dependências da Universidade.
Informamos que já estamos adotando as medidas administrativas de competência desta Superintendência para garantir apuração rigorosa dos fatos informados publicamente em redes sociais na noite da última sexta-feira, 19.
Para além disso, destacamos nosso total repúdio a discursos de apologia ao nazismo que, além de crime, configuram um atentado reconhecido contra a dignidade e os direitos da pessoa humana.
A Universidade, como espaço formativo, tem a responsabilidade de construção de uma formação cidadã baseada na promoção e defesa de direitos. O Brasil tem uma política nacional de educação em Direitos Humanos que estabelece o compromisso das instituições de ensino superior com a formação para os direitos humanos em todos os campos da atuação (ensino, pesquisa e extensão).
Neste sentido, atuaremos com firmeza para garantir que nossa missão como instituição pública de ensino superior seja implementada e praticada em todas as instâncias e espaços da Unifap.
Reiteramos que qualquer denúncia envolvendo violação de direitos humanos deve ser encaminhada à Ouvidoria da Unifap para que a Supadh possa atuar conforme sua competência.
Atenciosamente,
Profa. Dra. Nelma Nunes
Superintendência de Ações Afirmativas e Direitos Humanos (Supadh)