O Amazonas registrou um novo recorde no número de queimadas em um único dia, com 783 focos de calor detectados na terça-feira, 30 de julho. Os dados, fornecidos pelo Programa BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicam um aumento dramático em relação ao ano passado, quando foram contabilizados apenas 121 focos na mesma data, marcando um crescimento de 547%. Em julho de 2024, o estado já soma 4.072 focos de queimadas, o maior número desde 1998.
Agravante
A situação é agravada pela seca severa que atinge a região, a qual o governo local descreve como a pior da história do Amazonas. Na segunda-feira, 29 de julho, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação de escassez hídrica nos rios Madeira e Purus, essenciais para vários municípios amazonenses. Esse fenômeno climático contribui significativamente para o avanço dos incêndios.
Cidades mais afetadas
Entre os municípios mais afetados, Apuí lidera o ranking nacional com 1.434 queimadas registradas até o dia 30 de julho. Lábrea ocupa o segundo lugar com mais de 900 focos. Essas cidades superaram Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, que até meados de julho havia liderado a lista. As cinco cidades com o maior número de focos são Apuí (AM), Lábrea (AM), Corumbá (MS), Itaituba (PA) e Porto Velho (RO).
Estratégias de combate
Para enfrentar a crise, o Ibama deslocou três brigadas para o sul do estado, conhecido como "arco do fogo", com foco em Humaitá, Manicoré e Apuí, além de uma quarta brigada em Autazes. No total, 110 brigadistas estão atuando na região. O superintendente do Ibama, Joel Araújo, destacou que, além do combate aos incêndios, o órgão realiza atividades de educação ambiental para conscientizar sobre o uso do fogo.
Ação
O Governo do Amazonas, por sua vez, tem intensificado as ações de combate às queimadas através da Operação Tamoiotatá. Essa operação envolve órgãos estaduais e federais e já resultou na aplicação de R$ 14 milhões em multas até junho, além de prisões e apreensões de materiais ilícitos. Outras operações, como Aceiro e Céu Limpo, também estão em andamento, com foco na repressão aos crimes ambientais e no monitoramento da qualidade do ar.
Emergência ambiental
A situação no Amazonas é tão crítica que 22 dos 62 municípios do estado estão em estado de emergência ambiental. Durante o período de 180 dias de emergência, a prática de queimadas está proibida. O cenário atual pode se assemelhar a 2023, que foi o segundo ano mais crítico desde o início do monitoramento pelo Inpe, com mais de 20 mil queimadas registradas.
Monitoramento
O Governo do Amazonas também está fortalecendo a fiscalização ambiental, com a inauguração do Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas (CMAAP) e a entrega de sensores de monitoramento da qualidade do ar. As ações são coordenadas com base em dados de satélites e monitoramento contínuo para tentar mitigar os impactos da crise e controlar as queimadas de forma eficaz.