O analfabeto brasileiro continua sendo em sua maioria nordestino, negro, de baixa renda e com idade entre 40 e 45 anos. A an?lise ? do especialista em educa??o de jovens e adultos da Organiza??o das Na?es Unidas para a Educa??o, a Ci?ncia e Cultura (Unesco) no Brasil, Timothy Ireland. Na data de hoje, 8 de setembro, a organiza??o comemora o Dia Internacional da Alfabetiza??o.
?A quest?o do analfabetismo sempre foi minimizada como um direito, mas ela ? fundamental para que o cidad?o participe de forma democr?tica. Hoje vivemos na sociedade da informa??o e do conhecimento, a pessoa que n?o tem acesso ? escrita e ? leitura acaba exclu?da de informa?es que s?o necess?rias para garantir todos os outros direitos, a sa?de, a participa??o pol?tica na sociedade?, avalia Ireland.
Dados de 2006 da Pesquisa Nacional por Amostra de Dom?cilios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat?stica (IBGE), apontam que 10,38% da popula??o se declara analfabeta absoluta, ou seja, n?o sabe ler ou escrever um bilhete simples. O percentual representa 14,3 milh?es de brasileiros. O relat?rio de monitoramento do programa Educa??o Para Todos, da Unesco, mostra ainda que o ?ndice mais do que dobra na ?rea rural (25%). Entre os negros e pardos, o analfabetismo ? duas vezes maior do que entre os brancos.
Para a professora da Universidade Federal de S?o Paulo (Unifesp) e especialista em jovens e adultos Cl?udia V?vio, o perfil do analfabeto brasileiro reflete as desigualdades sociais do pa?s. ?Os dados estratificados mostram as mesmas desigualdades sociais. Onde est?o os grupos com maior vulnerabilidade social ? onde se encontram as maiores taxas de analfabetismo?, analisa.
Na avalia??o de Ireland, ? preciso reconhecer que o analfabetismo vem diminuido no pa?s, mas ainda de forma lenta. Em 2000, o Brasil assinou o compromisso Educa??o para Todos, estabelecido durante a Confer?ncia Mundial de Educa??o em Dacar. Entre as metas, est? a redu??o das taxas de analfabetismo para 6,7% at? 2015. Segundo a Unesco, se os ?ndices continuarem caindo nesse ritmo, o Brasil n?o cumprir? o acordo.
?O Brasil tem avan?ado bastante a partir do momento que estabeleceu uma pol?tica nacional de educa??o para jovens e adultos, mas o esfor?o ainda n?o est? refletido nos n?meros. Acreditamos que ainda precisamos de mais recursos para atuar nessa ?rea?, defende o especialista.