Ansiedade e depressão são condições de saúde mental que afetam a vida de mais de 260 milhões de pessoas em todo mundo, segundo informações da OMS. A ansiedade é a condição mental com maior prevalência no mundo, atingindo entre 2,5% e 7% da população dependendo do país, de acordo com a plataforma Our World in Data. Cerca de 63% dos pacientes são mulheres e 37% homens.
A pandemia da Covid-19 tem causado uma tendência de aumento desta condição. Mundialmente, já fez aumentarem as buscas por internet sobre a ansiedade, seus sintomas e tratamentos. Alguns estudos já demonstram em números essa tendência: uma pesquisa online realizada na China com 7.236 voluntários avaliou a prevalência de distúrbios de ansiedade generalizada (DGA), sintomas depressivos e qualidade do sono durante o surto da Covid-19. A prevalência da ansiedade foi de 35,1%, número muito superior às médias globais, que em geral chegam a 7%. No caso dos sintomas depressivos e qualidade do sono do público, as incidências foram de 20,1%, e 18,2%, respectivamente. Os mais jovens, as pessoas que passam muito tempo buscando informações sobre o surto e os profissionais de saúde são os que apresentam maior risco de perturbações. A pesquisa conclui que a atenção à saúde mental deve ser parte dos planos emergenciais relacionados à pandemia.
No Brasil, um levantamento do Ministério da Saúde com 2 mil pessoas, relacionado à saúde mental e realizado entre os dias 25 de abril e 5 de maio apurou que 41,7% dos entrevistados apontaram distúrbios do sono, como dificuldade para dormir ou dormir mais do que de costume e 38,7% relataram falta ou aumento de apetite. Além disso, 35,3% das pessoas relatou falta de interesse em fazer as coisas e 32,6% relatou ter sentimentos de depressão. As buscas relacionadas ao termo ansiedade no Google praticamente dobraram em relação às médias anteriores, segundo levantamento feito no site Google Trends, entre janeiro de 2019 e junho de 2020. "Mesmo antes da Covid-19 já éramos o país com o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros, o equivalente a mais de 9% da população, segundo dados da OMS", afirma o médico e diretor associado global da Spectrum Therapeutics, Dr. Wellington Briques. "É por isso que precisamos falar sobre a ansiedade e seus sintomas, estimulando as pessoas a buscar ajuda médica adequada", completa o especialista. "A cannabis medicinal, segundo estudos clínicos recentes, poderia ser utilizada para aliviar alguns sintomas provocados pela ansiedade".
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, publicada no The Permanent Journal, com 72 pessoas, demonstrou melhoras na ansiedade com o uso da terapia canabinóide no primeiro mês em 57 pacientes (79,2%), dados que se mantiveram ao longo do tempo.
Especialista em medicina farmacêutica, o Dr Wellington Briques ressalta que muitas pesquisas estão atualmente em andamento para definir o papel que a cannabis pode desempenhar nestes tratamentos. "Felizmente, os cientistas seguem avançando em todas as frentes que foram prejudicadas desde a proibição do uso de cannabis nos anos 30. Isso ajuda a desfazer o estigma que por vezes ainda acompanha o uso desta planta milenar na medicina".