Ao custo de R$ 8 bi, Brasil desperdiça seis Cantareiras por ano, aponta estudo

Outros 58 pontos ficam na região norte, que depende exclusivamente do Sistema Cantareira, o manancial mais crítico hoje, 44 na parte sul, 41 na oeste e 34 na porção leste.

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O prejuízo financeiro com as perdas de água em todo o País chega a R$ 8 bilhões ao ano, aponta estudo feito pelo Instituto Trata Brasil.


Segundo o levantamento, o volume de água produzido pelas empresas de saneamento brasileiras, mas que não foi faturado por causa de vazamentos ou fraudes na rede de distribuição, chegou a 6,5 trilhões de litros em 2013, mais de seis vezes a capacidade total do Sistema Cantareira.

O estudo feito em parceria com a empresa de consultoria GO Associados considerou os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2013, divulgados em janeiro deste ano pelo Ministério das Cidades. Segundo o relatório, 37% de toda a água produzida no País é perdida na rede de distribuição. Em relação ao volume de água que não é faturado pelas companhias, o índice chega a 39%. Segundo o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, as perdas financeiras com água equivalem a 80% dos investimentos realizados em água e esgoto no País em 2013.

"É muito dinheiro para um setor que precisa investir muitos recursos para recuperar o atraso de pelo menos duas décadas, principalmente no que diz respeito ao tratamento de esgoto e à redução de perdas", afirma.

O estudo mostra que se houvesse uma queda de 15% nas perdas financeiras em cinco anos, ou seja, de 39% para 33%, a economia seria de R$ 3,8 bilhões. O Estado do Amapá, no Norte do País, é o que apresenta o pior índice: 76,5%. O melhor é o do Paraná, no Sul, com 22,5%. Em São Paulo, as perdas financeiras, em 2013, eram de 32,1%.

Do volume total de água perdida no Brasil, 3,5 trilhões de litros foram por vazamentos na rede, que deram um prejuízo de R$ 1 bilhão.

Sabesp faz obra para garantir água em 626 pontos

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) está executando obras de ampliação da rede para garantir o abastecimento ininterrupto em 626 pontos da Grande São Paulo considerados "críticos". São as áreas que não podem ficar sem água porque abrigam grandes hospitais, presídios e centros de hemodiálise.

Segundo o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, as obras fazem parte do plano de contingência e estão sendo feitas para caso seja adotado o rodízio oficial de água, o que ele considera de baixa probabilidade. "As obras vão garantir, numa hipótese de rodízio, que não acredito que vá acontecer, que esses pontos tenham pressão e vazão contínua", disse Kelman.

O dirigente informou que será preciso prolongar a rede de abastecimento da Grande São Paulo em 53,3 km para ligar os pontos críticos às adutoras que "ficam sempre com alta pressão". Onde não for possível fazer a conexão à rede segura, o abastecimento será garantido com caminhão-pipa terceirizados pela companhia.

Por causa da crise, a Sabesp tem reduzido a pressão e fechado o registro de 40% da rede durante a maior parte do dia, um racionamento que não é "sistêmico", segundo Kelman. As manobras, que provocam longos cortes de abastecimento, acontecem na saída dos reservatórios de bairro, que recebem água das adutoras. Com a ligação direta de hospitais e presídios a esses grandes dutos, o risco de corte seria eliminado.

Segundo a Sabesp, a maior parte dos pontos críticos (449) fica na região central da Grande São Paulo, que inclui o centro e áreas das zonas sul, leste e oeste da capital. Outros 58 pontos ficam na região norte, que depende exclusivamente do Sistema Cantareira, o manancial mais crítico hoje, 44 na parte sul, 41 na oeste e 34 na porção leste.

Obra

Em Higienópolis, por exemplo, na região central da cidade, a Sabesp vai fazer cerca de 670 metros de tubulação para atender o Hospital Infantil Sabará, que fica na Avenida Angélica. No último fim de semana, dois funcionários da companhia fizeram sondagens com um aparelho para detectar barulho no subsolo. Também foram pintadas marcas amarelas, delimitando o espaço por onde os tubos vão passar.

Segundo o hospital, que é equipado com 115 leitos de internação, o local pode armazenar cerca de 184 mil litros de água e tem um consumo médio de 57 mil litros por dia. "Nossa autonomia é de três dias sem abastecimento da Sabesp", informou a assessoria de imprensa do hospital, que atende cerca de 10 mil pacientes por mês.

Levantamento divulgado na terça-feira (24) por Kelman em um seminário sobre segurança hídrica na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que, até o dia 20 de março, 361 pontos críticos, ou 57% do total, já haviam sido equacionados. A meta é concluir todas as obras até o final de abril. "Isso é parte da contribuição da Sabesp ao plano de contingência", disse Kelman. "É estar preparado para o pior, que seria um rodízio muito pesado. Mas, repito, acho que isso não vai acontecer."

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