Apelidada de “Maria dos 10”, teve 9 filhos, adotou mais um e mulher vira exemplo de mãe

Apesar da dificuldade, Maria da Guia garante que não falta nada na mesa.

"Maria dos 10" mora no Morro do Pacheco, | Reprodução
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

O nome dela é Maria da Guia Araújo Silva, mas todos a conhecem como Maria dos 10. A moradora do Morro do Pacheco, em Santos, no litoral de São Paulo, tem nove filhos gerados durante três relacionamentos, e ainda adotou uma menina, filha do último marido com outra mulher. Hoje, batalha para que não falte nada para eles.

Maria, hoje com 36 anos, nasceu em Santa Rosa do Piauí (PI), onde conheceu o primeiro marido, com quem teve dois filhos. A mais velha, atualmente, tem 18 anos. "Na época, eu morava com a minha mãe e minha irmã, que ainda está no Piauí. Eu tinha 15 anos e fiquei com ele por quatro. Não deu certo porque ele queria continuar com a vida de solteiro, de "playboy". Ele saía na sexta-feira e voltava só na segunda, com a camisa no ombro. Quem me sustentava era minha mãe e a família dele. Era uma batalha, eu já tinha dois filhos e me aconselhavam a não ter mais, porque senão a situação ia piorar. Foi minha mãe e a dele que nos separaram", relata.

A auxiliar de serviços gerais conta que, depois de um tempo, sua mãe faleceu e ela ficou sozinha, porque a irmã mais velha já era casada. Depois de três anos, conheceu o segundo marido, com quem ficou 11 anos e teve cinco filhos. "Conheci ele ainda no Piauí. Ele veio trabalhar em Bertioga (SP) e depois mandou me buscar. Vim primeiro sozinha, fiquei morando quatro meses com uma amiga no Morro do Pacheco, em Santos. Meus filhos ficaram com minha irmã, até que consegui arrumar um trabalho e alugamos uma casa. Nos casamos e trouxemos meus filhos, que na época tinham dois e três anos", lembra.

Maria dos 10 explica que o segundo casamento acabou por conta de ciúmes. "Ele não aceitava que eu trabalhasse, queria que eu ficasse praticamente em prisão domiciliar. Eu tive nove filhos, mas sempre gostei de me cuidar, sou muito vaidosa, e ele não gostava, queria que eu ficasse trancada. Ele tinha crises de ciúmes, chegou a me espancar quando eu estava grávida de três meses. Me separei e cheguei a ir para um abrigo público. Tive que passar por um psicólogo. Foi uma situação horrível, já estava com princípio de depressão. Voltei para o Piauí por quatro meses, depois retornei a Santos e tentei me reconciliar, mas não deu certo. Foram três separações em 11 anos. Eu tentei porque amava ele mesmo. Mas chegou um dia que ele foi trabalhar e eu coloquei as coisas dele na porta e disse que a partir daquele dia eu queria viver sozinha, cuidar da minha vida, dos meus filhos", conta.

Depois de dois anos separada, Maria conheceu seu terceiro marido, no restaurante onde trabalhava. "A gente ficou se conhecendo por quatro meses, depois nos casamos e ele veio morar comigo, junto com a filha que teve em outro relacionamento. Estamos separados há dois anos, mas somos muito amigos. A menina ficou morando comigo, conseguimos a guarda compartilhada dela e agora ela faz parte da família, é minha décima filha", explica.

A casa onde Maria dos 10 mora atualmente, no Morro do Pacheco, é própria, comprada com muito sacrifício. A filha mais velha trabalha em uma empresa de telemarketing e conseguiu uma bolsa de estudos integral para cursar Direito. O segundo filho mais velho trabalha no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Santos (Camps). Os demais, incluindo a filha caçula, com 1 ano e seis meses, passam o dia inteiro em escolas e creches municipais.

Apesar de estar desempregada há dois meses, Maria dos 10 se considera uma vitoriosa. "Eu sou uma mãe muito feliz. Consigo dar uma estrutura para os meus filhos que eu nunca tive. Não tinha família aqui, sofri muito e não quero passar isso para ninguém, principalmente para meus filhos. Tive muita ajuda de vizinhos, instituições e prefeitura. Sempre corri atrás, nunca deixei eles passarem fome. Hoje em dia, eu me sinto uma rainha no meio de tudo isso. Foi muito sofrido para mim, mas não penso mais no sofrimento, quero até lançar um livro para contar a minha história, mas ainda não tenho como fazer isso", conclui.

Veja Também
Tópicos
SEÇÕES