Apoio de Bárbara a Fábio Novo não foi ponto fora da curva, diz Ziza Carvalho

A deputada Bárbara, como o próprio nome político sugere, é filha do ex-prefeito Firmino, um dos maiores líderes do PSDB de Teresina

Apoio de Bárbara a Fábio Novo não foi ponto fora da curva, diz Ziza Carvalho | Foto: Alepi
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O fato político da semana foi, sem dúvida, a declaração de apoio da deputada Bárbara do Firmino (PP) à pré-campanha a prefeito de Teresina do deputado Fabio Novo (PT). Alguns dizem que foi um ponto fora da curva a decisão da deputada. A mim não parece.

A deputada Bárbara, como o próprio nome político sugere, é filha do ex-prefeito Firmino, um dos maiores líderes do PSDB de Teresina. O PSDB nasceu no cenário político brasileiro de uma dissidência do PMDB e era formado por personalidades políticas com viés de esquerda, muitos dos quais foram presos ou perseguidos pela ditadura militar, como Fernando Henrique Cardoso, Mario Covas, Franco Montoro, dentre outros. No âmbito do Piauí, o partido foi fundado por expoentes como Chagas Rodrigues, José Reis Pereira e meu saudoso pai, Ubiraci Carvalho, tendo sua organização política consolidada com o grupo do professor Wall Ferraz, que muitos consideram o maior prefeito da história de Teresina.

A equipe do prefeito Wall Ferraz na gestão da prefeitura de Teresina era formada majoritariamente por professores e intelectuais oriundos da Universidade Federal do Piauí com tendência política e pensamento predominantemente de esquerda. Foi nesse espectro político que se inseriu o jovem e então secretário de finanças daquela gestão, Firmino Filho.

Firmino era um político moderno, de vanguarda. Não se curvava a modismos extremistas, como o que vem assolando o Brasil nos últimos anos. Lembro da sua luta incansável durante a pandemia pela defesa da vida, do respeito à ciência, da preocupação com a superlotação dos leitos hospitalares de Teresina e a necessidade de isolamento social, mesmo às custas de sua popularidade. Arrisco dizer que, se vivo fosse, Firmino não embarcaria na onda negacionista e extremista do bolsonarismo. Suas alianças seriam outras, pois ele era antenado com o novo.

No Piauí, o PSDB e o PT invariavelmente estiveram juntos com o PMDB no enfrentamento dos ditos partidos conservadores e as então chamadas oligarquias piauienses, fazendo coligações, mesmo que informais, em eventuais disputas de segundo turno nas eleições para o governo do Estado.

A título de exemplo, nas eleições para governo do Estado de 1998, PSDB, PT e PSB, inclusive, firmaram coligação formal para o pleito, tendo como candidatos a governador o ex-prefeito Chico Gerardo, do PSDB, e, a vice-governador, Antonio José Medeiros, do PT. Naquela ocasião, foram eleitos para deputado federal, Wellington Dias (PT) e Bsá (PSDB), e para deputado estadual a coligação elegeu Francisca Trindade, pelo PT, Wilson Martins, Roncali Paulo, Flávio Nogueira e Pompílio Evaristo, pelo PSDB, e Olavo Rebelo, pelo PSB.

Dito isso, não me parece incoerente a decisão da deputada Bárbara do Firmino em aderir à pré-candidatura de um candidato do PT. Não existe ponto fora da curva, se é que houve ponto fora da curva. Ponto fora da curva talvez tenha sido Firmino Filho se aliar, no passado, à candidatura a governo do ex-Ministro Hugo Napoleão, do então PFL. Essa, sim, foi uma decisão questionável do ponto de vista da coerência com a história política do PSDB, partido que sempre trilhou o campo progressista no Piauí. Mas não o fato da Bárbara - filha do Firmino - apoiar o pré-candidato do PT.

Barbara tomou uma decisão autêntica, de coragem, deixando o passado para trás e colocando em novos trilhos os destinos da sua história. Bárbara, filha de um dos maiores prefeitos de Teresina de todos os tempos, se une ao partido que mais fez pelo Piauí nos últimos vinte anos. Afinal, não é só Teresina que é daqui para frente. A deputada Bárbara e sua história política são daqui para frente.

Seja bem-vinda, Bárbara! 

(Ziza Carvalho - Deputado estadual do MDB).

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