A designer de interiores Evellyn Oliveira enfrentou dias sombrios depois que foi infectada pela Covid-19, enquanto estava grávida. Com complicações em decorrência da doença, encontrava-se intubada e desacordada quando a filha nasceu, no fim de 2020. Após 67 dias internada, dos quais 50 ela passou em coma, hoje ela teve a oportunidade de passar o Dia das Mães com os filhos Bento e Maria Alice.
Hoje Maria Alice está com quatro meses e o irmão mais velho com 1 ano e seis meses. Evellyn lembra de tudo que passou.
“Quando acordei lembro de um enfermeiro me contando o que tinha acontecido.‘Você precisou ser intubada, a sua filhinha nasceu, ela está bem. Está na UTI neonatal, mas só ganhando peso. O pior já passou. Você é uma vencedora’ ele disse”, lembrou.
Ela conta que os médicos tiveram que fazer o parto quando ela havia completado 29 semanas de gestação. "Escolheram um dia em que eu estava estável, conseguiram me levar para o bloco cirúrgico e minha filha nasceu, comigo intubada”, disse.
Depois do parto, no dia 28 de dezembro, o quadro de saúde piorou bastante. Evellyn precisou se submeter a uma traqueostomia.
E depois, com 100% do pulmão comprometido, teve que utilizar uma terapia que se assemelha ao uso de um pulmão artificial, o ECMO [Oxigenação por Membrana Extracorpórea].
“O que me contaram desse tempo que eu fiquei inconsciente foi que foi muito difícil, muitas notícias ruins. Passei 20 dias na ECMO para tentar descansar esse pulmão. E além disso sempre tinha outros fatores. Algumas infecções que apareceram”, contou.
“É um momento que vai ficar para sempre na minha memória. A gente ter os filhos no braço é um presente, principalmente depois dessa trajetória tão difícil, tanto minha quanto dela”, observou.
Foram tantos dias hospitalizada que Evellyn completou 25 anos quando estava internada. E no mesmo dia precisou ser intubada. Apenas 45 dias após o nascimento da filha ela conseguiu pegar Maria Alice no colo pela primeira vez.
O reencontro com Bento demorou 67 dias para acontecer e também foi com muita emoção. Quando ouviu a voz do filho, ainda do elevador, as lágrimas já começaram a cair. O filho olhava para o rosto dela, repetia mamãe sem parar e dava vários sorrisos.
“Foi um alívio. Eu disse ‘ele lembra de mim, ele não me esqueceu’. E uma alegria de voltar para casa e ter esse reencontro de novo com ele. E Alice também, que já estava em casa”, afirmou.
O Dia das Mães, Evellyn não tem dúvidas, de que será especial. “Com certeza virão outros, se Deus quiser, mas esse vai ser o melhor, vai ser o que vai ficar na história. Os dois filhos no braço. Depois das batalhas que enfrentamos, eu e Maria Alice, passarmos juntas vai ser um presente de Deus”, comemorou.
O marido, o corretor de seguros Andrey Cavalcanti, cuidava tudo em casa para que ela se recuperasse e enviava mensagens para a esposa todos os dias, mesmo quando ela estava desacordada e não podia ler.
“Quando ela ficou internada a princípio, antes de ser intubada, me recordo de uma frase que ela mandou dizendo ‘cuida bem dele’, se referindo ao nosso filho. Então eu sempre ia atualizando ela de como estavam as coisas”, lembrou.
Nos primeiros dias, Andrey conta que o medo de perder a companheira e ter que cuidar dos filhos sozinho era enorme.
“Nos dez primeiros dias eu tive medo, mas depois que o tempo foi passando o meu sentimento foi de saudade. Quando ela acordou foi a melhor emoção da minha vida. Eu acredito que ainda não vai ter outra”, disse.