No último sábado (17), O PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) anunciou que entraria com uma representação oficial no CNJ (Conselho nacional de Justiça) contra a desembargadora Marilia Castro Neves pelas declarações de que a vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro, “estava engajada com bandidos”.
O partido também afirmou que iria acioná-la criminalmente por calúnia e difamação. A desembargadora do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) chegou a afirmar que Marielle era um “cadáver comum”.
Diversos sites da grande mídia repercutiram a fala da desembargadora sem apresentar um contraponto. Portanto, criou-se a ideia de que a jurista estava defendendo uma informação confirmada.
Criticada, Marilia Castro chegou a dizer que não voltaria atrás porque estava apenas dando a sua opinião com base em um texto que leu de “uma amiga”. O tal texto faz parte de uma série de boatos que apontam até mesmo que Marielle até seria ex-esposa de Marcinho VP.
Agora, depois de saber que seria acionada judicialmente, a desembargadora resolveu fazer uma espécie de ‘mea culpa’. Em sua página no Facebook, Marilia Castro admite que “repassou de forma precipitada” notícias contra Marielle Franco. Neste domingo, em entrevista ao Fantástico, o deputado federal Alberto Fraga (DEM) pediu desculpas por ter feito a mesma coisa.
“Diante das manifestações contra meu comentário, proferido em uma discussão no Facebook de um colega, a respeito da morte da vereadora Marielle Franco venho declarar o que segue: no afã de defender as instituições policiais, ao meu ver injustamente atacadas, repassei de forma precipitada, noticias que circulavam nas redes sociais. A conduta mais ponderada seria a de esperar o término das investigações para então, ainda na condição de cidadã, opinar ou não sobre o tema”, escreveu a desembargadora.
“Reitero minha confiança nas instituições policiais, esperando, como cidadã, que este bárbaro crime seja desvendado o mais rápido possível. Independentemente do que se conclua das investigações, a morte trágica de um ser humano é algo que se deve lamentar e seus algozes merecem o absoluto rigor da lei”, concluiu Marilia Castro Neves.
‘Mancharam o nome de Marielle’
O PSOL reitera que os responsáveis pelos boatos contra a vereadora Marielle Franco vão ser acionados judicialmente. “É um absurdo esse tipo de declaração. A desembargadora, sobretudo pelo cargo que ocupa, deveria ter o mínimo de responsabilidade sobre a vida de Marielle”, declarou o vereador Tarcísio Motta (Psol).
“Vamos entrar com uma representação no CNJ e com uma ação criminal por calúnia e difamação. Não vamos deixar que uma situação como essa sem consequência. Mancharam, absurdamente, o nome dela. O assassinato de Marielle é um crime politico, é um atentado contra a democracia. Negar isso é calar as bandeiras que ela defendia”, finalizou.