Após cumprir mandados de busca e apreensão, policiais federais deixaram o apartamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), na manhã desta terça-feira (11), no bairro Anchieta, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Descaracterizados, eles saíram do imóvel carregando malotes um pouco antes das 9h. A PF também cumpriu mandados na casa da irmã do político, Andrea Neves, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Há ordens judiciais ainda contra Frederico Pacheco, primo do tucano.
A Operação, batizada de Ross, cumpre total de 24 mandados de busca e apreensão em oito estados e no Distrito Federal. São investigados os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Em Minas Gerais, são 13 mandados de busca - 11 na Grande BH e dois em Cláudio, no interior do estado, onde a família do tucano tem um sítio. A PF informou às 10h30 que todos foram cumpridos. Doze pessoas devem comparecer à PF de BH nesta terça; Andréa Neves chegou à sede da PF, no bairro Gutierrez, na Região Oeste da cidade, por volta das 10h e deixou o local por volta das 11h15.
O delegado-chefe da Polícia Federal em Divinópolis, Daniel Souza, disse à TV Integração que, por volta das 10h, os policiais já tinham saído da fazenda do senador, em Cláudio. Na cidade, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão, sendo um na fazenda da família de Aécio e outro na fazenda de Frederico Pacheco, primo de Aécio. Pacheco também esteve na Polícia Federal em Belo Horizonte para prestar depoimento e deixou a superintendência pouco depois das 11h.
O advogado Alberto Zacharias Toron, que representa Aécio, afirmou que o senador sempre esteve à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários que mostrarão a absoluta correção de todos os seus atos. O criminalista Ricardo Ferreira, que defende Frederico Pacheco, disse que, oportunamente, serão prestados os esclarecimentos pertinentes.
A PF chegou a fazer um pedido de mandado de busca e apreensão contra o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), mas a solicitação foi negada pela Justiça. Por meio de sua assessoria, o tucano afirmou que desconhece totalmente o motivo pelo qual teve seu nome envolvido nessa história. Segundo a assessoria, em toda sua trajetória, ele nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém.
Empresários que, segundo promotores, emitiram notas fiscais frias para Aécio também são alvos desta operação.
Começo da operação
Policiais federais chegaram por volta de 6h a um dos imóveis do senador Aécio Neves, no prédio do bairro Anchieta. Segundo vizinhos, os policiais chegaram em viaturas descaracterizadas.
No mesmo horário, equipes chegaram ao condomínio onde vive Andrea Neves, em Brumadinho. Andréa é considerada operadora do senador segundo as investigações da Lava Jato. Ela foi presa pela PF em maio de 2017.
A polícia também fez buscas em um imóvel do deputado federal e presidente do Solidariedade Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, em São Paulo. Os mandados fazem parte de uma operação que investiga também os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Anastasia, além dos deputados federais Benito da Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).
O advogado Ricardo Ferreira Melo, que defende Pacheco, foi contatado e o G1 aguarda um retorno. A reportagem está tentando contato com a defesa de Cristiane Brasil e ligou para o telefone do deputado Paulinho da Força por volta das 7h15. Ele atendeu, mas desligou.
Depoimentos
Os senadores Aécio Neves e Antonio Anastasia serão ouvidos pela PF em Brasília. Em Belo Horizonte, prestam depoimento Andréa Neves, Frederico Pacheco, Danilo de Castro, Waldyr Rocha Pena e Paulo Vasconcelos. Por volta das 10h, Andréa chegou à sede da PF em BH. Pouco depois, foi a vez de Frederico Pacheco chegar. Os dois deixaram a superintendência por volta das 11h15.
Propina de R$ 110 milhões
A procura de documentos faz parte de operação baseada em delações de Joesley Batista e Ricardo Saud. Os executivos do grupo J&F relataram repasse de propina de quase R$ 110 milhões ao senador Aécio Neves. Suspeita-se que os valores eram recebidos através da simulação de serviços que não eram efetivamente prestados e para os quais eram emitidas notas fiscais frias.
A operação no Rio é braço de investida que ocorre simultaneamente em Minas Gerais, São Paulo (capital e interior, com nove mandados), Brasília, Bahia, Rio Grande do Norte, Tocantins, Amapá e Mato Grosso do Sul. Decorre do inquérito 4519, que tem como relator, no Supremo Tribunal Federal, o ministro Marco Aurélio Mello.
Segundo a PF, o senador Aécio Neves comprou apoio político do Solidariedade, por R$ 15 milhões, e empresários paulistas ajudaram com doações de campanha e caixa 2, por meio de notas frias.
O que dizem as defesas
A assessoria do senador Antonio Anastasia afirmou que desconhece totalmente o motivo pelo qual ele teve o nome envolvido nessa operação. E que nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém. O advogado de Frederico Pacheco disse que oportunamente vão ser prestados os esclarecimentos pertinentes.
A defesa de Paulo Vasconcelos disse que mostrou todos os documentos durante as investigações e que ele está tranquilo. A defesa de Andreia Neves informou que ela não vai se manifestar, por enquanto, pois não teve acesso ao conteúdo dos autos e em respeito às investigações.