Após invasão, 120 famílias são despejadas de terreno da Prefeitura

Invasão iniciou há nove dias, em um terreno

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Cento e vinte famílias que invadiram, há nove dias, um terreno localizado na Avenida Henry Wall de Carvalho, no Bairro Areias, na zona Sul de Teresina, foram despejadas na manhã de quinta-feira (02). Os invasores justificaram que o terreno estava abandonado, mas tiveram seus barracos de madeira destruídos. O terreno é de propriedade da Prefeitura de Teresina.

Durante a ação, a avenida foi bloqueada como forma de protesto pelo despejo. Valciane de Araújo, uma das ocupantes teve a perna machucada. Ela afirmou que os responsáveis pela suposta agressão foram representantes da Prefeitura que estavam com a serra elétrica para destruir os barracos. Ela acrescenta que eles chegaram acompanhados de policiais encapuzados.

“Os homens da Prefeitura com uns policiais encapuzados chegaram logo destruindo nossos barracos. Pedi apenas para eu retirar a lona, mas eles não me ouviram e passaram a serra elétrica na madeira, foi quando a madeira caiu na minha perna e me machucou”, relata Valciane de Araújo.

Os ocupantes afirmam que o terreno, situado ao lado de um tradicional supermercado da capital, era um matagal e servia para a desova de objetos e veículos roubados, o que contribuía com os frequentes assaltos na região e gerava também temor aos moradores do bairro. É o que confirma o ocupante Luiz Paulo dos Santos:

“Esse terreno da Prefeitura só serve para desova de roubos. Quando limpamos aqui, achamos documentos, motos, capacetes e muitas bolsas de professoras com canetas. Eu moro de aluguel, pago R$ 350 por mês, todo mundo que está aqui precisa e com este espaço vazio que serve para os bandidos se esconderem, decidimos em conjunto invadir”, esclarece o ocupante.

O ocupante garante ainda que, por volta das 9 horas, os policiais militares se apresentaram para negociar, agiram com tranquilidade e utilizaram o diálogo, diferentemente de representantes da Prefeitura. “A polícia veio, de maneira educada. Já o pessoal da Prefeitura veio com ignorância. Não queremos nada de ninguém, só queremos um espaço digno para morar”, desabafa Luiz Paulo dos Santos.

A equipe do Jornal Meio Norte chegou ao local no momento em que o Corpo de Bombeiros apagava os focos de incêndio em pneus e madeiras que bloquearam a via. De acordo com o tenente Sousa Lima, da Força Tática, a coronel Júlia Beatriz, coordenadora do Grupo de Gerenciamento de Crises e Direitos Humanos da Polícia Militar, propôs uma reunião com os ocupantes para que sejam tomadas as devidas providências.

“Foi feita uma negociação inicial para desobstruir as vias. Amanhã (sexta-feira, 03) haverá uma reunião com a coronel Júlia com os ocupantes. Na oportunidade, as famílias serão relacionadas. E logo em seguida, a Prefeitura, a dona do terreno será contatada”, explica.

A reunião está marcada para acontecer às 10h, no terreno da invasão.

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