As tarifas dos ônibus, do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) voltam a custar R$ 3,00 nesta segunda-feira (24). O anúncio da revogação do aumento foi feito pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) na quarta-feira (19) após a série de manifestações ocorridas na capital paulista.
Haddad reafirmou que a redução de R$ 0,20 no valor das passagens vai trazer consequências para a cidade, o que vai exigir que o orçamento municipal seja repensado. Alckmin, por sua vez, também reforçou os investimentos no estado ficarão comprometidos. "Um sacrifício grande, nós vamos ter que cortar investimentos porque as empresas não suportam, não têm como arcar com essa diferença", disse o governador.
Novos protestos
Após dizer que não iria convocar novos protestos neste momento, o Movimento Passe Livre São Paulo (MPL-SP) disse neste domingo (23) ao G1 que irá apoiar uma manifestação na terça-feira (25) organizada pelos parceiros Periferia Ativa ?Comunidade em Luta? e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Em sua página na internet e em uma rede social, o MPL pede confirmação de presença no protesto e pede para o público divulgá-lo. A nova pauta de reivindicações inclui desmilitarização da polícia, investimentos na saúde e educação, controle no valor dos alugueis, redução do custo de vida, além da tarifa zero para o transporte público. O protesto está previsto para as 7h e terá dois pontos de concentração: no Metrô Capão Redondo e Largo do Campo Limpo.
?O que a gente divulgou é que a gente está apoiando o ato do MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto]. Agora a gente tem uma pauta ampla, a que mais nos diz respeito é a tarifa zero?, afirmou o estudante Caio Martins, de 19 anos, um dos líderes do movimento.
Na nota publicada no site, o movimento divulgou o seguinte texto: ?Se antes diziam que baixar a passagem era impossível, a luta do povo provou que não é. Já derrubamos os 20 centavos. Podemos conquistar muito mais. O transporte só vai ser público de verdade quando não tivermos que pagar nenhuma tarifa para usá-lo.?
O movimento se reúne na tarde deste domingo para discutir o sistema do transporte público e a tarifa zero em três pontos fechados da cidade, nas regiões do Tatuapé, Largo Treze e Sumaré.
Histórico
Neste sábado (22), procurado pelo G1, o MPL informou que as convocações estariam suspensas por enquanto e que não havia novos protestos previstos organizados pelo movimento.
Um dos líderes do movimento, Lucas Monteiro, disse na sexta-feira (21) em entrevista ao SPTV que não fazia sentido prosseguir com as manifestações.
"A gente conquistou uma vitória popular na cidade, que foi a revogação do aumento. A gente acha que isso é importante, e está claro que essa revogação foi fruto da mobilização chamada pelo Movimento Passe Livre. Não foi só o MPL que participou, se tornou uma revolta popular, uma coisa muito mais ampla que a gente. Mas uma vez que se revogou o aumento, o objetivo inicial das manifestações foi cumprido. E não tem sentido a gente continuar chamando as manifestações contra o aumento", disse Lucas na ocasião.
O Movimento Passe Livre divulgou uma nota, na semana passada, no Facebook criticando a violência contra alguns grupos.
Segundo post, o MPL presenciou ?episódios isolados e lamentáveis de violência contra a participação de diversos grupos? durante a manifestação. De acordo com a nota, o MPL é ?um movimento apartidário, mas não antipartidário? e repudiou os atos de violência direcionados a essas organizações ao longo da passeata que comemorou o recuo do governo na questão do preço das passagens de ônibus, metrô e trens na capital paulista.
Na quinta-feira (20), além do ato convocado pelo MPL na Avenida Paulista, outras manifestações foram realizadas por diferentes grupos que ocuparam ruas em bairros e chegaram a interditar também as rodovias Castello Branco, Anhanguera, Anchieta e Rodoanel.