A quantidade de aparelhos de celular apreendidos em estabelecimentos prisionais de São Paulo cresceu quase 27% em cinco anos. Em 2008, foram 10.446 aparelhos apreendidos, média diária de 28. No ano passado, foram 13.248, média de 36. Um dos modelos, o relógio-celular, que teve três exemplares apreendidos em 2012 no Centro de Detenção Provisória Belém, na zona leste da capital, é tão moderno e discreto que no comércio os vendedores o chamam de "celular do James Bond".
Um modelo como esse custa na internet cerca de R$ 1,5, tem tela com 1,18 centímetros de espessura, reconhecimento de voz e armazena arquivos de áudio em MP3.
Entre os equipamentos apreendidos sob o poder de presos ou abandonadas nos pátios de banho de sol estão tablets, videogames, aparelhos de DVD e smartphones de última geração com poderosas câmeras, TV acoplada, acesso a internet e Bluetooth. O preço dos telefones nos presídios é bem mais caro que na rua. Um celular que custa pouco mais de R$ 300 no comércio legal, na penitenciária pode valer até R$ 4 mil. De acordo com agentes penitenciários e ex-detentos, muitas vezes um aparelho é dividido entre dois ou três presos. Um fala de manhã, outro, à tarde e o terceiro, à noite. Na maioria das apreensões, segundo agentes, o detento que diz ser o dono do celular está mentindo. "São pessoas que têm dívidas com o crime organizado que pagam assumindo" esse boletim de ocorrência", disse um agente.