Artesanato se torna opção de renda extra para teresinenses

A atividade é alternativa em época de crise

Artesanato | Raissa Morais
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Ocupar a mente e/ou o tempo ocioso, buscar uma renda extra ou mesmo uma nova fonte de renda, em momentos de crise e desemprego. Estes são, em geral, os motivos que levam as pessoas a pegarem uma habilidade manual e empreenderem, transformando o hobby em fonte de renda principal ou complementar da família.

José Roberto, o Beto Artes, de 43 anos, trabalhava como vigilante e aos finais de semana ajudava seu pai na borracharia dele. E por coincidência estava procurando na internet algo que pudesse fazer artesanalmente para sua filha que estava para nascer. Foi aí que encontrou o artesanato com pneu, e decidiu juntar uma coisa a outra: os pneus que não serviam mais para a borracharia e a vontade de fazer o presente para a filha.

Raissa Morais

E o que seria uma produção pontual, acabou se transformando em uma fonte de renda promissora. O negócio de Beto deu muito certo devido à aceitação dos clientes, pois os produtos têm uma durabilidade muito grande. “Várias pessoas que possuem sítios, chácaras, e até prefeituras procuram meus serviços com esse intuito de um produto que dure por muito tempo”, acrescentou o artesão.

E de fonte de renda promissora, o ofício se transformou em algo muito maior. “Já estou há quatro anos fazendo esta atividade com pneus, que hoje é minha profissão. Além disso, continuo com o serviço de borracharia e tenho uma venda de frango assado no fim de semana”, declarou. Atualmente, o artesanato se tornou a principal fonte de renda de Beto, que tem na borracharia e a venda dos frangos só um complemento para aqueles meses que a venda do artesanato fica mais fraco.

Artesanato contribui para sustentabilidade

Outro ponto positivo na produção do artesão é que fazer artesanato com pneus usados dá vida e uma nova utilização a este material, que por muitas vezes é jogado fora de maneira irregular e com isso prejudica todo o meio ambiente. Os pneus utilizados por Beto se transformam em diversas peças decorativas. "Eu reaproveito os pneus velhos e produzo desde puffs, vasos de flores, balanços, móveis artesanais, como mesinhas e banquinhos, que podem ser colocados em diferentes locais no jardim e até mesmo uma réplica de uma motocicleta", conta.

Hoje em dia, de acordo com a Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos (ANIP), aproximadamente 330 mil toneladas de pneus são descartados por ano somente no Brasil. Sua reciclagem chega a 70%, pois a borracha do pneu pode ser remodelada em tapetes para carro, asfalto para estradas, mantas para quadras esportivas e até mesmo pisos.

No entanto, é muito comum haver o descarte irregular deste material, em praças, aterros sanitários ou terrenos baldios. Além da dificuldade da natureza em decompor esse material (demora cerca de 600 anos), o despejo irregular de pneus pode provocar uma série de malefícios, entre incêndios – que produzem uma fumaça tóxica – e o acúmulo de água após as chuvas - lugares de maior proliferação de insetos que podem trazer perigos à saúde, como o Aedes aegypti, causador de doenças como a Dengue, Zika Vírus e Chikungunya.

Aliando fonte de renda e terapia

Mandala é a palavra sânscrita que significa círculo ou “aquilo que circunda um centro”. Em termos de artes plásticas, ela apresenta sempre grande profusão de cores e representa um objeto ou figura que ajuda na concentração para se atingir outros níveis de contemplação. Há toda uma simbologia envolvida e uma grande variedade de desenhos de acordo com a origem. Quando a mandala está terminada, apresenta-se como uma construção extremamente colorida.

A psicóloga e tanatóloga e microempresária na área de confecção, Conceição Batista, decidiu investir na produção e comercialização de mandalas, utilizando-se de caixas de madeira como uma das formas de reproduzi-las, há cerca de um ano, quando um grupo de amigas começaram a ver algumas de suas peças e demonstrar desejo por elas.

Divulgação

“Desenhar e pintar mandalas é uma forma de meditação ativa. Quando chego do trabalho, à noite, gosto de relaxar e esvaziar a mente através desse tipo de meditação. É um dos muitos ajustamentos criativos que tenho. Daí a começar a fazer peças com mandalas para mim, foi um pulo. E logo, as pessoas mais próximas estavam se dando conta que queriam também”, revelou.

Com uma rotina intensa, Conceição trabalha de 7hs às 20hs. Sendo assim, seu tempo dedicado ao artesanato fica restrito somente às noites, feriados e finais de semana. “Pinto caixas de MDF de diversos tamanhos, que servem para guardar qualquer tipo de objetos; mandalas de MDF para pendurar em maçanetas ou retrovisores de carro; casas de passarinhos; e quadros pintados em papel”, esclareceu.

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A microempresária lamenta apenas o fato de as pessoas ainda valorizam muito pouco o artesanato. “Iniciei as vendas há pouco tempo, pois fazia apenas como arteterapia voltada para mim. Também não tenho muito tempo para me dedicar a produção em grande escala, por isso ainda não consigo ter nas vendas das mandalas uma contribuição mensal grande e sim apenas como um complemento da renda”, pontuou.

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