A edição desta terça-feira, 23 de junho, recebeu o prefeito de Manaus, Artur Virgílio (PSDB). Em entrevista aos jornalistas Amadeu Campos, Arimatéa Carvalho, Efrém Ribeiro e Sávia Barreto, o líder municipal respondeu aos questionamentos sobre a pandemia da Covid-19, o processo de reabertura das atividades essenciais, como também sobre política.
Virgílio indicou que foi contrário à reabertura dos serviços não essenciais em Manaus, e indicou para o problema na dubiedade do discurso dos governadores e o do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), o que acabou gerando empecilhos para um isolamento mais eficaz.
“Minha fala não é científica, mas eu não fui a favor da reabertura no momento que ela se deu, hoje os números de Manaus melhoraram, mas eu não excluo que ocorra alguma coisa, eu não sei dizer como seria quando as chuvas voltarem, a reabertura foi desorganizada, a Deus dará, eu não excluo; muita gente na rua sem dinheiro, numa crise terrível, sentindo um gosto de liberdade que a pandemia tirou de nós, mas eu acho prematura. Devo dizer com muita clara que não podemos fazer o isolamento social conveniente, houve uma falha, dentre elas a pregação do presidente da República que era uma gripezinha, e as pessoas preferem ouvir o ‘mel’, a ouvir a dura realidade do isolamento”, disse.
O prefeito de Manaus criticou a falta de apoio do Governo Federal. “É um vírus muito forte, muito virulento, ele vai e volta. Os casos que têm aparecido em Manaus ultimamente, tem sido mais brandos e temos visto uma queda no número de óbitos, de sepultamentos, em relação a ajuda específica a Manaus, o que o presidente mandou foi ‘pra não dizer que não falei de flores’, para não dizer que não mandou; tenho certeza que o fato de o Governo Federal ter ajudado o Governo do Estado já foi bom, a iniciativa de Manaus ter aberto um Hospital de Campanha já foi boa”, frisou.
O tucano ainda lamentou a postura de Bolsonaro e os prejuízos que suas ações ocasionaram na imagem do Brasil no exterior. “O presidente arruinou a imagem do Brasil, o Brasil hoje é visto como um país que não trata bem seus índios, que estimula a grilagem de terras, é visto como um insensato em imaginar fazer agronegócio no coração da Amazônia”, afirmou.
Sobre o Comitê liderado pelo vice-presidente Hamilton Mourão e que pauta as ações na Amazônia, Vírgilio foi categórico. “A Amazônia precisa de base científica para ser entendida e eu não vejo nenhum cientista neste Comitê”, adiantou.
Vírgilio ainda elencou os erros na administração da crise com a Covid-19 no Amazonas, que chegou a ser o Estado em pior situação do país. “Bolsonaro não deixou a gente fazer o isolamento social, então foi um erro. Não fizemos muitos testes, depois vem o governador e faz uma abertura precipitada. Então a conclusão que chego, sabe tudo que tinha que dar errado e está dando certo, estou chegando a conclusão que Deus é do Amazonas”, adiantou.
Eleições 2020
O prefeito de Manaus destacou que é contra a prorrogação dos mandatos. “Sou completamente contra a prorrogação de mandatos; adaptar os prazos, adiar a eleição, mas para mim é fundamental que os mandatos sejam encerrados 31 de dezembro e que haja a posse no 1º de janeiro. Sinto que cumpri meu dever”, disse.
Respondendo a um questionamento dos telespectadores, o prefeito de Manaus destacou que não votou em Bolsonaro.
“No primeiro turno votei na Marina Silva, e no segundo turno anulei o voto. Não votei nele não, apoiei certas medidas dele porque quero o bem do país”, frisou.
Vírgilio ainda teceu elogios para o prefeito de Teresina, Firmino Filho, e o orientou quanto a abertura. “O Firmino é um bom prefeito, um dos melhores na minha opinião, agora acredito que a experiência que ele tem deve ter as razões fortes para hesitar a abertura; as pessoas que falam da abertura, falam da economia, mas você vai ver restaurantes vazios, lojas vazias”, disse.
Ele ainda falou sobre a indicação do PSDB à presidência em 2022. “É difícil dizer, porque se pudesse votaria em mim, é muito cedo para dizer isso, o PSDB tem algumas fases que devem anteceder essa candidatura, a primeira é constituir uma comissão de ética muito forte”, ressaltou.