Atentado mata dois índios e fere quatro no Maranhão

Grupo de indígenas foi alvejado por disparos neste sábado (7) na BR-226, no município de Jenipapo dos Vieiras. De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, caso está sendo investigado.

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Dois índios da etnia Guajajara morreram e quatro ficaram feridos durante um atentado registrado neste sábado (7) na BR-226, entre as aldeias Boa Vista e El Betel, no município de Jenipapo dos Vieiras, localizado a 506 km de São Luís. 

O secretário de Estado em exercício de Direitos Humanos, Jonata Galvão, informou que as polícias Militar, Civil e a Fundação Nacional do Índio (Funai) já foram acionadas e estão no local. A Superintendência da Polícia Federal também já foi informada sobre o caso.

Entre os mortos, está o indígena Firmino Silvino Guajajara, que estava em uma motocicleta que trafegava pela BR-226, quando foi atingido pelos disparos. Um índio identificado como Nelsi Guajajara, que estava com ele, também foi alvejado na perna, mas não corre risco de morte. O outro índio que morreu durante a ação ainda não foi identificado.

Por meio de nota enviada, a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihopop) informou que os indígenas que feridos foram encaminhados para o hospital, com apoio do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Maranhão.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, Nelsi Guajajara conta que foi surpreendido por um veículo de cor branca que disparou diversas vezes contra a motocicleta onde ele estava.

— Foto: Divulgação/Josoaldo de Oliveira

“Ele [o carro] passou devargazinho perto de nós ali e quando chegou perto de nós ele atirou, deu dois tiros. E ele ainda atirou nele ali [Firmino Guajajara]", disse Nelsi Guajajara.

Por meio de nota enviada, a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihopop) informou que os indígenas que feridos foram encaminhados para o hospital, com apoio do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Maranhão.

Em protesto contra o atentado, os indígenas bloquearam a BR-226. Equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Militar estão no local para tentar conter o protesto.

Lideranças reagem

Por meio de uma rede social, a líder indígena Sônia Guajajara se manifestou sobre o atentado contra os índios no Maranhão e pediu providências para o caso.

"Até quando isso vai acontecer? Quem será o próximo? É preciso que as autoridades tenham uma olhar específico para os povos indígenas, vida estão sendo tiradas em nome do ódio e preconceito! Nenhuma gota mais de sangue indígena!", disse.

Crimes contra índios

Há um mês, o líder indígena Paulo Paulino Guajajara foi morto durante uma emboscada na Terra Indígena Araribóia, na região de Bom Jesus das Selvas no Maranhão. O conflito também causou a morte do madeireiro Márcio Greykue Moreira Pereira e deixou ferido o primo de Paulo Guajajara, Laércio Guajajara.

Paulo Guajajara era um membro dos 'Guardiões da Floresta', um grupo de índios que vigia, protege e denuncia madeireiros com o intuito de proteger a natureza. Os conflitos entre madeireiros e indígenas já havia sido denunciado as autoridades e as ameaças aumentaram após a apreensão de veículos utilizados na extração ilegal de madeiras em terras indígenas.

Foto: Sarah Shenker/Survival International

O índio Paulo Paulino Guajajara estava incluído no Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos (PPDDH). Após o crime, outros três guardiões também estavam incluídos no programa, foram retirados das aldeias e levados para lugares sigilosos.

De acordo com a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), de 2016 a 2019, 13 indígenas foram mortos em decorrência do conflito com madeireiros no Maranhão.

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