A equipe médica que atendeu o menino João Pedro Nascimento, 5 anos, e a avó dele, a dona de casa Vilma Theodoro Nascimento, 56 anos, que escaparam com ferimentos leves de um atropelamento em Anápolis, a 55 km de Goiânia, ficou emocionada ao assistir às imagens do acidente. ?Foi chocante, pois só depois pudemos ver a dimensão do que tinha acontecido com eles. Todos ficaram comovidos?, afirmou a coordenadora de enfermagem do Hospital de Urgências de Anápolis (Huana), Valéria Carneiro.
No acidente, que aconteceu na tarde de terça-feira (21), as duas rodas do carro passaram por cima do garoto, que ficou de pé logo em seguida. Ele e a avó sofreram apenas escoriações.
Segundo Valéria, quando a criança e a mulher deram entrada na unidade, seguiram direto para o setor de reanimação do Huana, onde são feitas as primeiras avaliações sobre o estado de saúde dos pacientes. ?Tínhamos a informação de que eles eram vítimas de um atropelamento e, por isso, foi realizado todo o protocolo para esses casos. O médico pediu, então, que os dois passassem por exames de raio-x, que comprovaram que as lesões eram superficiais?, relatou.
A coordenadora de enfermagem lembra que o menino perguntava sobre a avó o tempo todo. ?Mesmo tão pequeno, ele demonstrou que estava muito preocupado com a saúde dela. A gente tentou acalmá-lo, mas ele só ficou tranquilo quando encontrou a avó. Ela também estava angustiada, pois tinha medo de que o garoto tivesse algum trauma na cabeça?, conta.
Acostumada a ver situações mais simples, que evoluem a óbito, Valéria diz que a única explicação para que o garoto não tenha sofrido ferimentos mais graves seria um milagre. ?Dá para ver claramente que pneu passou por cima do pescoço dele. Realmente só pode ter acontecido uma intervenção divina?, ressaltou a enfermeira.
O menino sofreu ferimentos na orelha e no queixo, mas teve alta do Huana no mesmo dia do acidente. Já a avó, que teve lesões nos pés e um corte superficial na cabeça, foi para casa na manhã de quarta-feira (22).
O acidente
Imagens gravadas por câmeras de segurança de uma casa mostram o momento em que as duas rodas do carro passaram por cima do garoto. O atropelamento foi provocado por uma colisão. No cruzamento da Avenida Bernardo Sayão com Rua Uruana, na Vila Jaiara, um Honda Fit bateu em um Chevrolet Celta e, em seguida, colidiu com o VW Gol, que estava estacionado. Com o impacto da colisão, o carro atingido atropelou a mulher e o neto.
A dupla caminhava pela rua e, ao ver que o VW Gol foi atingido, tentou subir para a calçada. No entanto, eles não foram rápidos o suficiente e foram atropelados. Pessoas que passavam pela rua ajudaram as vítimas.
Um dia após o acidente, o menino contou que se levantou porque estava preocupado com a avó. ?Eu achei que minha avó tinha quebrado a coluna e mais algumas coisas?, disse João Pedro.
Vilma, que nasceu no Paraná e mora em Anápolis há 23 anos, disse que ainda não acredita que ela e o neto sofreram apenas ferimentos leves. ?Vi que o carro passou por cima dele, que levantou e veio na minha direção. Mas quando percebi que saía sangue pela boca, orelha e nariz, achei que o crânio dele tinha sido esmagado. Só fiquei tranquila depois que os exames disseram que foi tudo superficial", contou.
Na manhã de quinta-feira (23), a avó e o garoto visitaram a Paróquia Divino Pai Eterno, em Anápolis, para agradecer por estarem vivos. ?Eu senti que naquela hora não tinha mais para onde escapar, mas lembrei de Deus e ele nos salvou?, disse.