A cada cinco segundos morre um brasileiro em consequência de Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame. Por causa de estatísticas como essa, o AVC ainda é um problema para as autoridades em saúde no país.
No Piauí é registrada, por ano, uma média de mil óbitos, transformando o AVC na doença que mais mata no Estado. Hoje, no Dia Mundial de Combate ao Acidente Vascular Cerebral, é importante esclarecer a população sobre os riscos dessa doença.
?Além do número de óbitos, as pessoas acometidas pelo AVC ainda custam muito caro aos cofres públicos. O número de internações é bastante alto e de sequelados também, trazendo um grande dispêndio ao INSS?, disse o neurocirurgião Benjamim Pessoa Vale.
O AVC é uma disfunção que ocorre em determinada área do cérebro: é quanto as artérias interrompem o fornecimento de sangue ao cérebro ou uma delas se rompe.
Em cerca de 80% dos casos, o AVC é ?isquêmico?, classificação do entupimento da artéria que impede a chegada do sangue às células nervosas. Nos outros 20% dos casos, o AVC é ?hemorrágico?: as paredes de artérias se rompem, inundando o cérebro de sangue.
Segundo o médico, o AVC é uma doença que pode ser prevenida, tratada e os pacientes podem ainda ser reabilitados. Ele aconselha que todos façam a prevenção e dá dicas de como isso pode ser feito.
?Hábitos saudáveis, uma boa alimentação e o controle de doenças como diabetes, hipertensão e colesterol alto são fundamentais para prevenir essa doença?, pontuou.
O AVC é uma doença súbita e as pessoas precisam conhecer os sintomas para saber identificá-la e tomar as providências necessárias. Dentre os sintomas mais comuns estão o adormecimento repentino, especialmente de um lado do corpo; dificuldade para falar ou enxergar; perda de equilíbrio ou vertigem e forte enxaqueca sem causa aparente.
?A doença acomete pessoas aparentemente saldáveis de forma repentina. Nós costumamos aconselhar as pessoas a fazerem o teste SAMU (Sorriso, Abraço e Música), quando desconfiam que alguém está tendo um AVC.
Primeiro se pede que a pessoa dê um sorriso, depois pede para que ela dê um abraço e por último que tente cantar uma música.
Se na hora do sorriso os lábios ficarem tortos, se a pessoa, na hora do abraço, só levantar um dos braços e ao tentar cantar a música ela não conseguir, é hora de procurar atendimento médico, pois a pessoa está tendo um AVC?, explicou o neurocirurgião.
Reabilitação pode durar até dois anos
O AVC é uma doença que geralmente deixa algum tipo de sequela no paciente e por isso é necessário que ele passe pelo processo de reabilitação.
Segundo especialista na área, essa reabilitação pode durar de dois meses a dois anos, dependendo da complexidade do caso. No Piauí, o Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) é o único local de alta complexidade que cuida desse tipo de caso.
A aposentada Maria Dontina do Nascimento, de 78 anos, faz tratamento há seis meses no Ceir, após sofrer um AVC e perder toda a movimentação dos membros do lado direito do seu corpo. Ela conta que já começou a sentir os primeiros, mas sabe que essa é uma caminhada longa.
"Eu sei que esse é um processo demorado, mas eu nunca perco a esperança", disse. Ela conta ainda que, antes do AVC, era hipertensa, mas tentava controlar a doença. "Não imaginava que poderia ter um AVC, fui pega de surpresa", completou.
O supervisor do Setor de Fisioterapia Adulto do Ceir, o fisioterapeuta Leonardo Raphael Santos, explica que o processo de reabilitação deve ser feito por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar.
Para compor essa equipe é necessário profissionais da área médica, da Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia Aquática, Reabilitação Desportiva, Musicoterapia e Arteterapia.
"Os pacientes são encaminhados para os profissionais que cada caso exige. Não necessariamente eles passam por todos estes profissionais.
Eles passam pelo médico, depois fazem a avaliação global e vão para o processo de triagem. Nosso objetivo é possibilitar o retorno desse paciente para suas atividades diárias de forma integral ou adaptada", disse.
O fisioterapeuta chama atenção ainda para a necessidade de o paciente que passa pelo processo de reabilitação sempre estar fazendo atividades de manutenção do quadro clínico. "Após concluir a reabilitação, nós encaminhamos os pacientes a atividades de manutenção. O paciente nunca perde contato com o Ceir", finalizou.