B-R-O bró: Período seco exige atenção contra riscos de queimadas no Piauí

No dia 1º de setembro, por exemplo, o CBM-PI foi acionado para controlar as chamas em área de vegetação próxima ao Rio Poti, na Avenida Raul Lopes, zona Leste de Teresina.

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Além das elevadas temperaturas e da baixa umidade do ar, o período do 'B-R-Ó bró' também é marcado por índices alarmantes de queimadas no Piauí. Para se ter uma ideia, em todo o estado, o sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) já contabilizou 1.068 focos de incêndio em setembro deste ano. Embora seja um número alto, é ainda inferior ao ano passado, quando foram registrados 2.313 focos no mesmo período.

O major Egídio Leite, do Corpo de Bombeiros Militar do Piauí (CBM-PI), informou que costuma enfrentar demandas reprimidas no combate a incêndios no período mais quente do ano. “Os meses de julho e agosto são culturalmente os que mais registram focos de incêndio, porém, no B-R-O bró, que corresponde aos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, também há uma incidência alta”, disse o major.

Focos de queimadas no período de 01/09/2022 a 13/09/2022 (Imagem: INPE)

Conforme relatou o major, existem dois tipos de eventos com uso do fogo que registram mais ocorrências no B-R-O Bró em Teresina. Em sua maioria, são incêndios em terrenos baldios e nas matas ciliares dos rios Poti e Parnaíba. No dia 1º de setembro, por exemplo, o CBM-PI foi acionado para controlar as chamas em área de vegetação próxima ao Rio Poti, na Avenida Raul Lopes, zona Leste de Teresina.

As matas ciliares são um tipo de cobertura nativa presente ao longo das margens dos cursos d'água e no entorno das nascentes e reservatórios de água. Para os rios que cortam a cidade, esses sistemas regulam o escoamento de água, sedimentos, nutrientes e poluentes, protegendo o recurso hídrico.

“Em Teresina, o padrão de queimadas segue nas áreas às margens dos rios e em terrenos baldios e abandonados. O trabalho é constante e, por vezes, enfrentamos demanda reprimida por não conseguirmos atender muitas ocorrências que enviam”, falou o major Egídio Leite.

A tendência é que o número de ocorrências voltadas para combate a incêndios registre queda a partir de novembro. Até lá, a conscientização sobre os riscos ao meio ambiente e à saúde humana deve ser priorizada.

No ano passado, o governo estadual do Piauí elaborou um plano integrado de combate às queimadas para 2022. Entre as ações estava a expansão das unidades do Corpo de Bombeiros para mais municípios e a inclusão de equipamentos modernos para controle de possíveis chamas. No início deste mês, um helicóptero capaz de transportar até mil litros de água chegou a Teresina. O veículo poderá evitar casos de incêndio em locais de difícil acesso.

No Piauí

O biólogo Francisco Soares Santos Filho, especialista em botânica, esclarece que parte dos incêndios que acontecem na zona rural do Piauí é decorrente de práticas irregulares do uso do fogo para limpeza e preparação do terreno. Na zona urbana das cidades, é comum a queima de resíduos domiciliares a céu aberto, um crime previsto na Lei de Crimes Ambientais nº 9.605, de 1998.

“Muita gente da área rural costuma fazer a preparação e limpeza do solo usando fogo e sem tomar os cuidados necessários para que esse fogo não se espalhe pela vegetação. Como estamos vivendo período de deficiência hídrica, por falta de chuvas, as plantas normalmente liberam suas folhas secas e formam a serapilheira, combustível suficiente para que o fogo se espalhe”, comentou o biólogo.

O incêndio é sempre ruim para o meio ambiente?

O Piauí conta com quatro tipos de formações vegetais: Manguezais, Caatinga, Cerrado e a Mata dos Cocais. Conforme ressaltou o biólogo, nem todo incêndio é considerado negativo quando se trata do Cerrado. 

“Os incêndios no Cerrado às vezes são eventos considerados naturais e necessários para a completude do ciclo de vida de algumas plantas. Algumas delas necessitam do calor das queimadas para quebra da dormência da semente, facilitando a revegetação para o ciclo posterior”, explicou.

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