Na canção “Ciranda da Bailarina”, de Chico Buarque, “só a bailarina que não tem”. Em Teresina, só as bailarinas do Balé Jovem do Piauí estão inscritas para um Festival de renome internacional em Camaçari – BA, mas não têm transporte para se deslocar ao evento. Apesar das dificuldades, todas as integrantes carregam o sonho que, neste caso, equilibra-se na ponta dos pés das sapatilhas.
O Balé Jovem do Piauí é uma iniciativa das irmãs Ana Gamosa, diretora artística, e Marinalva Gamosa, que é a coreógrafa, professora e coordenadora geral.
“O Balé Jovem do Piauí funciona dando aulas de Balé Clássico gratuitamente para alunas carentes, visando a profissionalização e inseri-las no mercado de trabalho com a dança.
Já tem uns dois meses que estamos atrás desse transporte, já batemos todas as portas, mas não obtemos nenhuma liberação do ônibus”, explica Ana Gamosa.
A certeza de ir ao Festival, que começa na próxima terça-feira (2), foi por água abaixo após as promessas não cumpridas. “Já estamos inscritos, a nossa madrinha, Márcia Jaqueline, a primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, fez uma campanha chamada ‘Adote Uma Bailarina’, e assim conseguimos arcar os custos de inscrição e hospedagem. Mas ficou faltando um ônibus.
A mãe de uma aluna conseguiu esse ônibus com um político, mas quando chegamos na empresa, havia um problema e perdemos o ônibus”, lamenta a diretora artística.
Porém, a vontade de ir continua forte, e elas lutam como podem para conseguir ir ao Festival. No entanto, os custos são muito altos e o pedido de ajuda vai tanto para o poder público quanto para a iniciativa privada. “Continuamos trabalhando, fazendo pedágio, rifa.
Queremos muito conseguir o ônibus para chegar ao Festival, porque precisam ir as alunas e um responsável para viajar junto. São 25 pessoas, ao todo. Não temos patrocínio, e é um trabalho sem fins lucrativos”, afirma Ana Gamosa.
Ana ressalta que eventos como esse são uma excelente oportunidade de firmar o balé local em nível nacional e internacional, além de oferecer boas oportunidades às alunas assistidas pelo Balé Jovem do Piauí. “Festivais como esse fornecem bolsas, inclusive internacionais, onde elas podem estudar e serem vistas. É uma oportunidade única.
Temos bailarinas aprovadas para cursos em Nova York, já é um projeto que tem várias conquistas, mas tudo é fora de Teresina. Não temos patrocínio e é um trabalho sem fins lucrativos”, finaliza.