Se tem uma característica que pode ser atribuída aos banheiros é a contradição. Esse espaço destinado à nossa higienização, onde tomamos banho e escovamos os dentes, é também onde mais se instalam germes e bactérias. Por isso, é considerado um dos mais perigosos do lar. Isso porque esse local constantemente atingido pela umidade, aliado a fatores como a ventilação precária e a falta de limpeza adequada, pode culminar na proliferação desenfreada de micro-organismos. Adotar algumas medidas podem amenizar consideravelmente os riscos de contaminação.
Fazer a limpeza desse ambiente não é uma das tarefas preferidas para a maioria das pessoas. Mas é importante pensar bem antes de recusar a executar essa atividade com uma frequência considerável, já que o banheiro é capaz de acumular 189 tipos diferentes de germes. É necessário destacar ainda que a multiplicação deles é espantosa, sendo que apenas um germe é capaz de se transformar em dois milhões, em um intervalo de tempo de sete horas.
Mesmo ciente da necessidade de fazer limpeza constantes, é importante frisar que apesar de o banheiro estar aparentemente higienizado, ele não está livre da ação dos micro-organismos maléficos à saúde. Os profissionais da saúde alertam sobre os cuidados fundamentais com a limpeza desse espaço.
Segundo a infectologista Rosania Maria de Araújo Oliveira, é necessário haver uma regularidade da limpeza desse local, sendo indicado fazê-la, pelo menos, duas vezes por semana. ?Se não puder todos os dias, que seja feita, no mínimo, duas vezes por semana. O banheiro é um local que deve ser limpo também pela sequência de higiene das coisas, do menos para o mais, ou seja, na faxina, ele deve ser o último lugar a ser limpo, pois merece maior atenção?, sugere a infectologista, que indica a água sanitária como um dos produtos de limpeza mais eficazes.
Para a especialista, são dois os pontos que primordialmente merecem destaque quando o assunto é o banheiro. O asseio das mãos é um deles, afinal, elas movem tampas de sanitários, tocam maçanetas, abrem torneiras. ?São dois os focos principais nesse local úmido que apresentam riscos reais à saúde. O primeiro deles é o sanitário, que deve ser tampado sempre que for dar descarga. E a outra é a higienização das mãos, pois é preciso lavar não apenas após usar o banheiro, mas também antes, pois a mão está contaminada ao abrir uma porta, por exemplo?, frisa a especialista.
Em relação às crianças, a médica infectologista explica que os perigos são mais elevados, já que elas não possuem o hábito de lavar as mãos sempre que fazem uso do banheiro. A transmissão de alguns germes pode ser dar através delas, pois a sujeira muitas vezes fica alojada embaixo das unhas, e quando a mão é levada à boca, ocorre a transmissão.
Os homens também estão inclusos no grupo daqueles que menos cultivam o hábito saudável de higienizar as mãos, é o que aponta uma pesquisa realizada pela da Sociedade Americana de Microbiologia. O estudo revela que 25% das pessoas do sexo masculino não as lavam após urinar ou evacuar.
O risco de tomar banho descalço é uma das ações que também geram dúvidas na maioria das pessoas. A infectologista explica que algumas ressalvas quanto a isso merecem ser feitas. ?Não é algo obrigatório caso não exista ferimentos. Mas isso também deixa margens para as micoses?, esclarece, destacando ainda que os tapetes antiderrapantes que, costumeiramente, são colocados próximos ao chuveiro, necessitam de higienizações constantes, pois neles residem milhares fungos e bactérias, por isso, pisar descalço neles pode ser um perigo.
Doenças que podem ser desencadeadas
De acordo com a infectologista Rosania Maria, os riscos de contaminação através do sanitário são raros. As infecções urinárias, segundo ela, só podem ocorrer em casos gritantes, em que inexiste higienização no local.
Porém, muitas outras enfermidades podem ser adquiridas nesse espaço, a exemplo da gripe, pois ao entrar em contato com a torneira ou maçaneta da porta, pode-se contrair esse problema. Por isso, lavar as mãos deve se tornar um hábito indispensável.
O risco de infecção intestinal ou de garganta nas crianças é mais iminente. As infecções de pele, como furúnculos, impetigo, são algumas das manifestações cutâneas que são causadas pela contaminação com germes. As micoses e escabiose (popularmente conhecida por sarna) também são complicações que podem ser desencadeadas.
As pessoas que têm imunidade mais reduzida também precisam ficar atentas, pois, evidentemente, o risco de complicações mais graves é maior. ?Imagina uma pessoa que faz tratamento contra o câncer, que acaba adquirindo uma infecção dessa, seja ela qual for, o problema pode se tornar pior?, finaliza a infectologista.
Cuidados com o armazenamento das escovas de dentes
Além de todos os cuidados com o uso e limpeza do banheiro, os objetos presentes neles também merecem destaque, a escova de dentes, principalmente, afinal, esse item imprescindível para a higiene humana também está suscetível a contaminações, já que fica exposto a ações do milhares de germes e bactérias presentes no banheiro.
De acordo com a dentista Daniela Azevedo, adotar cuidados como ?guardar a escova dental em recipiente fechado, sempre de pé. Se não possuir recipiente com tampa, as tampas individuais são uma boa opção?. Além disso, ela destaca ainda que a pasta também corre risco de ser contaminada, bem como sofrer ressecamento, por isso, mantê- la bem fechada é uma das medidas mais indicadas.
Evitar que coliformes fecais atinjam a escova ao apertar a descarga do vaso sanitário, já que o vapor gerado durante esse ato chega a um raio de 2 metros e é um dos benefícios propiciados através da adoção de cuidados.
Manter a escova em água, ação executada por muitos, também pode ser perigoso, alerta a dentista. ?Se a escova estiver deitada em água, aumenta a probabilidade de as próprias bactérias que estão na escova, da própria boca mesmo, proliferarem-se?, explica a profissional.
Para desinfectar a escova, Daniela sugere que o uso de algumas soluções são eficientes. ?Desinfecção pode ser feita com o próprio exaguatório bucal. Mas o mais eficiente é a Clorexidina 0,12%?, frisou a dentista, indicando ainda que a torca de escova deve ser feita a cada 3 meses.
Alerta para banheiros públicos
Papel higiênico acumulado e assentos úmidos e até sujos. Esse cenário típico dos banheiros públicos contribui para que muitas pessoas tenham que exercitar a flexibilidade do corpo para evitar o máximo possível entrar em contato com os objetos ali existentes. Muitas, se pudessem, jamais gostariam de fazer uso desses locais, por temerem contrair alguma doença.
Sobre os banheiros públicos, a infectologista Rosania indica que dar descarga com o vaso tampado, assim como se deve fazer em casa, é um dos cuidados que é preciso ter. Dar preferência por sabonetes líquidos e toalhas de papel também é uma das medidas que evitam contaminações.
As mulheres precisam ter um cuidado redobrado ao fazer uso desse espaço, pois elas estão mais suscetíveis a contrair doenças, como a vaginite, que pode ser evitada com a simples higienização das mãos, por exemplo. "Para as mulheres é mais complicado, pois elas estão mais vulneráveis. Mas existem algumas medidas, como lavar as mãos ao entrar e sair do banheiro, que ajudam muito. Outra também é evitar encostar no vaso. Mas, para aquelas que não conseguem, já existem materiais que podem ser colocados em volta do vaso, para diminuir o contato, isso de certa forma ajuda", indica a infectologista Rosania.