O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta quinta-feira (19) que espera que mais líderes deixem o poder no mundo árabe, depois das quedas dos regimes ditatoriais de Tunísia e Egito.
Em um longo discurso na Casa Branca sobre a política norte-americana para os países arabes, Obama reafirmou o compromisso americano em promover as reformas e a transição para a democracia na região, criticou o uso da violência na repressão aos protestos, e pediu que Israel e palestinos façam concessões para a criação de um Estado Palestino, nas fronteiras anteriores a 1967 e desmilitarizado.
"Temos uma oportunidade histórica. Temos uma chance de mostrar que a América valoriza mais a dignidade de um vendedor de rua da Tunísia do que o poder de um ditador", disse.
O democrata afirmou que, nos próximos meses, os EUA vão mobilizar todos os recursos possíveis para encorajar as reformas.
Obama negou que Osama bin Laden, líder da rede terrorista da al-Qaeda morto em 2 de maio pelos americanos no Paquistão, seja um "mártir". O democrata disse que as ideias do saudita são rejeitadas na região.
O democrata também afirmou que o destino dos EUA está ligado ao do Oriente Médio e ao do norte da África, agitados por uma série de rebeliões populares desde o início do ano.
Ele afirmou que é um erro o fato de o poder estar concentrado nas mãos de "muito poucas pessoas na região".
Para Obama, o caminho da repressão, seguido por muitos regimes na região, não funciona mais.
"Os acontecimentos dos últimos seis meses nos mostram que as estratégias de repressão e repúdio não funcionarão mais", disse.
Pedindo democracia na região, Obama voltou a citar o Brasil como um dos exemplos de países que estão evoluindo em um ambiente democrático -como já havia feito em seu discurso no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em março deste ano.
Ele também citou o papel importante que as novas tecnologias da informação desempenham na difusão dos ideais democráticos.
Obama afirmou que, em alguns casos, a mudança vai levar tempo, e em outros será mais rápida. "Havera bons dias e maus dias", previu.
Israel e palestinos
Obama afirmou que Israel precisa agir "corajosamente" para avançar no processo de paz com os palestinos, mas voltou a defender o direito de defesa do estado israelense.
Ele disse que o futuro Estado Palestino na região deve ser traçado baseado nas fronteiras anteriores a 1967 e que deverá ser desmilitarizado.
"As fronteiras de Israel e Palestina deveriam se basear naquelas de 1967, com trocas mútuas e acertadas de forma que fronteiras seguras e reconhecidas sejam estabelecidas nos dois Estados", disse.
"A retirada completa e em etapas das forças militares israelenses deve ser coordenada com a pretensão da responsabilidade de segurança palestina em um estado soberano e não militarizado", acrescentou.
"A duração deste período de transição precisa ser acertada e a efetividade de arranjos de segurança precisam ser demonstrados."
Segundo o americano, a necessidade de um acordo de paz na região é "mais urgente do que nunca".
Obama também rejeitou o que ele chamou de uma tentativa de "isolar" Israel na ONU em setembro.
"Para os palestinos, os esforços para deslegitimar Israel terminarão em fracasso. Ações simbólicas para isolar Israel nas Nações Unidas em setembro não contribuirão para criar um Estado independente", alertou.
Os palestinos querem proclamar seu Estado soberano na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Para isso, exigem a retirada israelense de todos os territórios ocupados desde junho de 1967, incluindo Jerusalém Oriental.
Israel conquistou naquele ano a parte oriental, árabe, de Jerusalém, e não abre mão dela, já que considera a cidade a capital eterna e indivisível do Estado de Israel.
O principal impasse ocorre porque os palestinos querem que Israel pare de construir assentamentos para seus cidadãos no território que inclui áreas ao redor de Jerusalém Oriental, capturadas por Israel no confronto de 1967.