O italiano Cesare Battisti deve ser levado da Bolívia diretamente para a Itália. Ele deverá ser entregue às autoridades italianas no aeroporto internacional Viru Viru em Santa Cruz de La Sierra, onde Battisti foi preso pela polícia boliviana neste sábado (12).
Battisti não deve ser trazido ao Brasil como antes havia sido anunciado pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.
Um avião da Polícia Federal chegou a se deslocar de Corumbá (MS) para a Bolívia para trazer o italiano de volta ao Brasil.
Depois da declaração de Augusto Heleno, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, publicou em uma rede social que Battisti seria levado diretamente para o país europeu.
Segundo a imprensa italiana, um voo da Itália chega à Bolívia às 21h (horário local boliviano), sai de lá às 22h (horário local) direto para o aeroporto de Ciampino, em Roma, com chegada prevista pras 14h desta segunda-feira (horário local).
O Battisti será entregue às autoridades italianas porque entrou ilegalmente na Bolívia e, por isso, será expulso do país.
Bolivian Police / AFP
Entenda o caso
Battisti foi condenado à prisão perpétua em 1993 sob a acusação de ter cometido quatro assassinatos na Itália nos anos 1970.
Battisti fugiu da Itália, viveu na França e chegou ao Brasil em 2004. Ele foi preso no Rio de Janeiro em março de 2007 e, dois anos depois, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu refúgio.
Em 2007, a Itália pediu a extradição dele e, no fim de 2009, o STF julgou o pedido procedente, mas deixou a palavra final ao presidente da República. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou a extradição.
Em setembro de 2017, o governo italiano pediu ao presidente Michel Temer que o Brasil revisasse a decisão sobre Battisti.
No fim do ano passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF que desse prioridade ao julgamento que poderia resultar na extradição.
Um mês depois do pedido da PGR, o ministro Luiz Fux, mandou prender o italiano e abriu caminho para a extradição, no início de dezembro.
Na decisão, o ministro autorizou a prisão, mas disse que caberia ao presidente extraditar ou não o italiano porque as decisões políticas não competem ao Judiciário.
No dia seguinte da decisão de Fux, o então presidente Michel Temer autorizou a extradição de Battisti.
Desde então, a PF deflagrou uma série de operações para prender Battisti. No final de dezembro, a PF já tinha feito mais de 30 operações na tentativa de localizar o italiano.
Battisti nega envolvimento com os homicídios e se diz vítima de perseguição política. Em entrevista em 2014 ao programa Diálogos, de Mario Sergio Conti, na GloboNews, ele afirmou que nunca matou ninguém.