As mulheres brasileiras têm uma alimentação mais saudável do que a dos homens, segundo a pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, divulgada nesta terça (10). No entanto, são eles que lideram outro ranking importante: o de parar de fumar.
Essa aparente contradição também foi vista durante a última edição do Big Brother Brasil. As participantes Fabiana e Renata faziam atividade física, se alimentavam de forma correta e balanceada, mas eram vistas frequentemente com um cigarro entre os dedos.
Agora fora da casa, as duas afirmam que pararam de fumar exatamente para cuidar mais da saúde.
Renata Dávila, de 22 anos, disse ao G1 ter adquirido o ?péssimo hábito? em baladas. ?Acredito que há um ano para trás comecei com esse péssimo hábito mas apenas em festas, quando ingeria bebidas alcoólicas. No dia a dia nunca tive o costume de fumar, sempre tive hábitos saudáveis, mas com o tempo pude perceber que em momentos de estresse ou monotonia passei a usar o cigarro como fuga," conta ela.
Fabiana Teixeira, de 36 anos, a vice-campeã do reality show, também apelava para as baforadas em momentos de estresse no programa. Ela afirma, no entanto, que nunca foi uma "fumante" propriamente dita.
?Não fumo. Já fumei. Mas lá [no BBB] você fuma porque fica mais nervosa. Não faz parte da minha rotina. Como eu já fumei, quando eu bebia na festa dava uns traguinhos no cigarro da Monique. Quando eu fumei, era uma meninoca, coisa de faculdade,? afirma.
Atualmente as duas juram de pé junto que não fumam mais. ?Não vejo razão em continuar fumando, por isso parei?, disse Renatinha, como a ex-BBB ficou conhecida.
Já a ?Mama?, apelido que Fabiana ganhou na casa, teve razões mais fortes para largar o cigarro. ?Antes de ganhar o [filho] Igor, eu dava uns traguinhos. Depois que engravidei e que minha mãe faleceu de câncer de pâncreas, não quis mais. Não sei se esse câncer tem relação com o cigarro, mas a gente fica com medo.?
Vigitel
Os homens são maioria no número de fumantes, segundo o Ministério da Saúde, com 18% -- as mulheres têm 12%. Mas desde o início da pesquisa é percebida uma redução no número de homens que fumam. Em 2007, eles eram 21%.
O número de mulheres fumantes, no entanto, segue estável desde 2006, variando entre 12% e 13%.
Mulheres saudáveis e o cigarro
Mas por que mulheres com rotina saudável ainda fumam? De acordo com o pneumologista José Miguel Chatkin, coordenador do programa de tabagismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-SP), fatores culturais e o mito de que fumar emagrece faz muitas mulheres esclarecidas ainda manterem o hábito.
A estabilização do número de mulheres fumantes, além de não ser recente, acredita-se ser um resquício da fase de liberação dos costumes para a mulher, que começou na década de 60, mas teve reflexos mais tardios em países em desenvolvimento, afirma o pneumologista.
?Logo depois da Segunda Guerra Mundial, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, as mulheres começaram a fumar como sinal de libertação. Possivelmente está acontecendo com os países em desenvolvimento agora. Porque se sabe que a população mais pobre e menos esclarecida é que está fumando mais. Só agora que é que essa ideia está chegando a esse grupo?.
Ainda segundo Chatkin, se levarmos a questão para mulheres mais escolarizadas, que se preocupam mais com o sobrepeso, elas podem estar influenciadas pelo mito de que o tabaco emagrece.
?Existe um mito na sociedade de que o uso do tabaco emagrece. Mas só emagrece se a pessoa estiver com alguma doença relacionada ao tabaco. O contrário pode até ser verdade, se fuma e para tende a engordar três a quatro quilos na primeira fase, mas depois normaliza. Quem fuma é mais magro, isso é uma verdade, mas é por substituição, já que há liberação de neurotransmissores no cérebro, além da própria satisfação oral?.