A Justiça Federal aceitou, na noite de quarta-feira (13), a denúncia por lavagem de dinheiro e tornou réus o ex-governador Beto Richa, a ex-primeira-dama, Fernanda Richa, um dos filho do casal, André Richa, e o contador dela, Dirceu Puppo na Operação Lava Jato.
O Ministério Público Federal (MPF) afirma que o ex-governador recebia propina das concessionárias de pedágio no Paraná. Ainda conforme os procuradores, ele lavava esse dinheiro com a compra de imóveis que eram colocados no nome da empresa Ocaporã, Administradora de Bens.
Fernanda Richa é dona da empresa, junto com os filhos André e Marcello Richa.
Nesse processo, especificamente, é investigada a compra de um terreno em um condomínio em Curitiba, em 2012 - parte do pagamento foi feita em dinheiro vivo. A compra foi acertada por André Richa e por Dirceu Puppo, que atuava como administrador da Ocaporã.
Segundo o MPF, o valor total da compra foi de R$ 1.950 milhão - desse total, R$ 930 mil foram pagos em dinheiro vivo por André Richa. Na escritura, porém, o valor que consta é o de R$ 505 mil.
O imóvel ficou em nome da Ocaporã.
Inicialmente, o MPF não tinha incluído o nome de Fernanda Richa na denúncia, protocolada em 29 de janeiro. Entretanto, na segunda-feira (11), decidiu colocar a ex-primeira-dama entre os acusados depois de novas provas.
Fernanda Richa ré
Em princípio, os procuradores tinham dúvidas se Fernanda Richa tomava decisões pela empresa. O MPF dizia que o depoimento de André Richa e emails da ex-primeira dama indicavam que era Beto Richa quem dava a palavra final sobre essas transações.
Entretanto, explicações sobre os e-mails, dadas pela mulher de Beto Richa no dia em que ele foi preso novamente - em janeiro deste ano - fizeram os procuradores chegar à conclusão de que ela participou do suposto esquema.
Além de Beto Richa, no mesmo, Dirceu Puppo também foi preso.
Segundo o MPF, "nos esclarecimentos que apresentou, Fernanda Richa afirmou textualmente que seu esposo, Carlos Alberto Richa, 'não detinha a palavra final, nem mesmo a gestão, sobre as negociações da empresa Ocaporã'".
Em princípio, os procuradores tinham dúvidas se Fernanda Richa tomava decisões pela Ocaporã — Foto: Reprodução
No mesmo documento, ela relatou também que discutia em conjunto "acerca do melhor momento para a venda e a compra de imóveis".
Conforme os procuradores, as informações posteriormente trazidas aos autos voluntariamente pela ex-primeira dama demonstram sua participação nos fatos criminosos.
Beto Richa réu em mais três processos
Nesta semana, na segunda-feira (11), ainda sobre os contratos a Justiça aceitou outra denúncia contra ele por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Essa ação investiga o pagamento de propina a Richa e a outros agentes públicos por empresas de pedágio no Paraná.
Beto Richa é réu em outros três processos — Foto: Giuliano Gomes/PR Press
O que dizem os citados
As defesas de Beto Richa e de Dirceu Puppo vêm dizendo que, por enquanto, preferem não se manifestar sobre o assunto.
Veja, abaixo, a nota enviada pela defesa de Fernanda Richa e de André Richa:
"O Ministério Público Federal acusou o próprio filho do ex-governador para atingi-lo. Após o protesto de Fernanda, resolve acusá-la também. É evidente a situação de excesso de acusação e profunda injustiça. A defesa de Fernanda Richa confia no poder judiciário, que certamente saberá evitar que maiores prejuízos se produzam, pois não cometeu qualquer ilegalidade e refuta as acusações falsas criadas contra ela”.
Veja abaixo, a nota enviada pela defesa da Ocaporã:
"A Ocaporã é uma empresa patrimonial constituída em 2008 para gerir o patrimônio originário de herança do pai de Fernanda; este patrimônio não se confunde com o patrimônio de Carlos Alberto Richa. A sociedade tem como sócios apenas Fernanda e seus filhos.
Seu marido, Carlos Alberto Richa, nunca foi sócio ou geriu, nem exerceu qualquer função na empresa. Dirceu Pupo Ferreira é um funcionário responsável pela gestão da empresa, com conhecimento e confiança de Fernanda.
Todas as transações de imóveis ocorreram em razão de oportunidades comerciais reais e lícitas. A empresa jamais realizou qualquer operação com o intuito de ocultar ou dissimular valores"