Os bueiros de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, estão dando o que falar. O boato é que R$ 700 mil dos R$ 14 milhões roubados de um cofre da empresa Protege, no último domingo, tenham ficado presos na tubulação de esgoto depois da fuga frustrada.
No bar da dona Maria e nas portas do buffet, do condomínio e da academia, todos na redondeza, só se fala disso.
"Nossa, eu faria uma "big" de uma reforma com esse dinheiro, só para atrair a elite paulistana", brinca Maria Aparecida Silva, 45, dona de um pequeno bar há 30 anos. "Você ia só ver como ia ficar o meu forró de fim de semana", completa, aos risos.
E vale tudo para o dinheiro aparecer, até torcer pela chuva. "Imagine a bagunça se esse dinheiro começa a boiar pelas ruas", diz Edilson Clemente, 49, segurança de um condomínio.
A 200 metros dali, os colegas de trabalho Cristiane Braga, 30, e Manuel Lourenço, 54, também conversavam sobre o assunto.
"Achado não é roubado", diz, rindo, a atendente de valet. "Eu levaria a minha família toda de volta para a Paraí-ba", comenta o segurança.
Depois de mais algumas especulações sobre o que fariam com o dinheiro, Cristiane emenda: "Mas hoje R$ 700 mil também não são nada. Você tem que saber administrar".
Na ação, 15 ladrões estacionaram um ônibus com fundo falso sobre um bueiro para acessar a galeria de esgoto. Depois, usaram botes e um túnel para chegar à empresa.
Os seguranças chamaram a polícia. Na fuga, três bandidos morreram e outro foi preso.
A prefeitura disse que está reparando os danos causados às galerias.
Ontem, a Protege disse que só uma "pequena parte" do dinheiro não foi recuperada, mas não informou o valor.