As autoridades e a população do município boliviano de Puerto Suárez bloquearam neste sábado (10) a estrada fronteiriça com o Brasil para pressionar o governo de Evo Morales a tomar decisões para o avanço de um projeto de mineração, confirmou a imprensa local.
A mobilização aconteceu porque a Empresa Siderúrgica Mutún (ESM), estatal boliviana, ainda não tomou uma decisão sobre como resolver um conflito com a mineradora indiana Jindal, que tem um contrato assinado desde 2007 para explorar o ferro da jazida de Mutún, nas proximidades de Puerto Suárez.
Por um lado, a empresa estatal anunciou que o Estado está pronto para iniciar a exploração da metade da jazida de ferro, uma área que o governo reservou para um projeto próprio, paralelo à concessão outorgada à Jindal por 40 anos para explorar a outra metade.
Por outro lado, a empresa indiana tem seu cronograma de investimentos atrasado. Por isso, o governo advertiu que cobrará dela uma garantia de US$ 18 milhões, que em um período de oito anos deve somar US$ 2,1 bilhões.
Embora o governo boliviano não acredite que o contrato com a empresa indiana esteja em risco, essa cobrança abriria a possibilidade de uma possível rescisão do acordo, o que complicaria o projeto de exploração de Mutún.
Os manifestantes ocuparam o aeroporto local e bloquearam a ferrovia e a estrada entre o departamento de Santa Cruz (leste) e a fronteira com o Brasil. Além disso, ameaçaram iniciar na segunda-feira (12) uma greve em Puerto Suárez, segundo várias redes de televisão.
Participaram do protesto trabalhadores da empresa indiana, que temem que o projeto fique paralisado por causa das controvérsias com o Executivo.
O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, disse hoje que não entende o motivo do bloqueio pois o governo "vai cumprir a lei", enquanto o ministro de Mineração, José Pimentel, ressaltou que o governo está disposto a garantir o desdobramento da exploração das jazidas de ferro de Mutún.
O presidente da ESM, Sergio Alandia, disse recentemente que em poucas semanas começarão as atividades, com a possibilidade de que o Estado comece a produção de aço antes de 2015.