As políticas públicas para dar mais oportunidade às pessoas em situação de vulnerabilidade social foram fundamentais para a mudança de vida da jornalista Gilcilene Araújo. Nascida em uma família com poucos recursos, Gil, como é conhecida, hoje é formada no curso que sempre sonhou - jornalismo; tem casa própria e uma realidade bem melhor do que a que viveu na infância. “Os programas sociais e educacionais do governo mudaram minha vida”, conta, com orgulho, a piauiense.
Ela teve uma infância com dificuldades. Morava com duas irmãs, o pai e a mãe em uma casa de taipa, no bairro Nova Brasília, zona norte de Teresina. “Meu pai era caminhoneiro e minha mãe, dona de casa. O dinheiro que ele deixava para as despesas, antes de viajar a trabalho, não era suficiente até ele voltar. Então, por diversas vezes, eu fui para o colégio sem tomar café, contando apenas com a merenda da escola”, lembra Gil, emocionada.
Não fossem as políticas públicas, o nível de desigualdade hoje seria bem maior. A gente precisa dessas políticas para concorrer, em pé de igualdade, com outras pessoas que têm mais oportunidade" A dura realidade deu forças a essa piauiense a continuar sendo uma boa aluna e mudar de vida.
“Percebendo que eu tinha somente boas notas, uma professora disse que eu teria um futuro brilhante por meio dos estudos. Essa frase marcou a minha vida. Na época, eu tinha dez anos de idade”, lembra a jornalista.
Ingresso no Cefet graças às boas notas
A primeira política pública que deu oportunidade para Gil foi no fim do ensino fundamental, em 1999. Na época, um programa concedia automaticamente quatro vagas por escola para alunos que queriam fazer o ensino médio no disputado Centro Federal de Educação Tecnológica do Piauí (Cefet), hoje o Instituto Federal do Piauí (Ifpi). As excelentes notas durante todo o período em que estudou na escola municipal Antônio Gayoso, no bairro São Joaquim, zona norte de Teresina, levaram a então estudante direto para cursar o ensino médio no Cefet, sem precisar fazer vestibular.
“Estudar no Cefet era o sonho de todos os alunos da rede pública de Teresina, pois a qualidade era muito superior à de outras escolas”, lembra Gil.
Estudando de graça em faculdade privada
Ao terminar o Ensino Médio, em 2002, Gil tentou ingressar na Universidade Federal do Piauí (UFPI) ou Universidade Estadual do Piauí (Uespi), as duas únicas instituições públicas que ofereciam o curso de jornalismo. Por dois anos seguidos, Gil não obteve nota suficiente para aprovação. Até que, no terceiro ano, após muita insistência da mãe para mudar de curso, conseguiu aprovação na Uespi para cursar Letras. “Comecei a estudar, mas ainda não era o que eu queria. Meu sonho era ser jornalista”, conta.
Finalmente, em 2006, graças à bolsa de 100% do Programa Universidade para Todos (Prouni), Gil se matriculou em uma faculdade privada no tão sonhado curso de Jornalismo. “O Prouni já existia antes de 2006, mas não concedia bolsa integral e eu não tinha condições de arcar com a mensalidade, mesmo com desconto”, comenta. Foi a segunda vez que as políticas públicas deram oportunidade para a jornalista. Desde 2005, o Universidade para Todos já beneficiou 3,4 milhões de estudantes no Brasil.
“Na época em que eu tentei estudar jornalismo, diziam muito que a gente tinha que sonhar baixo, escolher os cursos de licenciatura, em que a concorrência era menor. Mas o ProUni veio para dizer que você pode sonhar alto, não pode escolher um curso só porque a concorrência é menor”, diz a jornalista, que hoje trabalha na assessoria de comunicação da Ordem dos Advogados do Brasil no Piauí (OAB-PI).
Casa própria com subsídio
Em 2010, já no mercado de trabalho, Gilcilene Araújo entrou em outro programa: o Pró-Moradia, uma modalidade de outro programa, o Minha Casa Minha Vida, que facilita o acesso à casa própria por meio de subsídios que podem chegar até 100%. Ela se inscreveu e no ano seguinte, em 2011, recebeu a moradia no conjunto Jacinta Andrade, zona norte de Teresina.
“Se não fossem as políticas públicas, o nível de desigualdade hoje seria bem maior. A gente precisa dessas políticas para concorrer, para disputar, em pé de igualdade com outras pessoas que têm mais oportunidade”, finaliza Gil Araújo.
G20 Teresina
Políticas públicas exitosas de combate à insegurança alimentar e à miséria, como as que transformaram a vida de Gilcilene Araújo, são debatidas no âmbito do G20 para construção da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Os termos finais dessa iniciativa devem ser firmados entre 22 e 24 de maio em Teresina (PI), durante a segunda reunião técnica presencial da força-tarefa para construção dessa Aliança.