O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou neste sábado (8) que pretende levar ao Congresso uma proposta de mudança no sistema de votação no Brasil já no primeiro semestre de 2019. A fala aconteceu em participação de Bolsonaro, por teleconferência, na Cúpula Conservadora das Américas, evento organizado por seu filho, Eduardo Bolsonaro, em Foz do Iguaçu (PR).
Segundo ele, o número de votos que recebeu nas eleições deste ano deveria ter sido maior. “Nós pretendemos votar no primeiro semestre uma boa proposta de sistema de votação no Brasil. Porque eu e muitos entendem que nós conseguimos a vitória porque tínhamos muitos, mas muitos mais votos do que eles”, disse.
Bolsonaro afirmou que o intuito é aperfeiçoar o processo de voto. “Entendemos o apoio e a preocupação do Tribunal Superior Eleitoral, que dizia que não tem com o que se preocupar. Na verdade nós temos que nos preocupar”, afirmou.
O presidente eleito não detalhou quais mudanças no sistema eleitoral pretende propor ao Congresso.
Preocupação antiga
Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro fala sobre supostas fraudes no sistema eleitoral brasileiro. Durante a campanha, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, o então candidato chegou a afirmar que não aceitaria “resultado diferente da minha eleição”.
“Não confiamos em nada no Brasil. Até concurso da Mega-Sena a gente desconfia de fraude. Estou desconfiando de alguns profissionais dentro do TSE”, disse Bolsonaro à época. Na ocasião, ele estava no hospital, se recuperando da agressão que havia sofrido durante comício na cidade de Juiz de Fora (MG).
Dias antes, na primeira transmissão ao vivo do hospital, Bolsonaro afirmou que a possibilidade de perder a eleição "na fraude" para o candidato do PT, Fernando Haddad, era "concreta". "O PT descobriu o caminho para o poder, o voto eletrônico", afirmou Bolsonaro.
Como deputado, ele foi autor de uma lei aprovada pelo Congresso que prevê a impressão de um comprovante do voto para eventual conferência pela Justiça Eleitoral. A proposta foi derrubada neste ano pelo próprio Supremo Tribunal Federal (STF), sob alegação de que a medida colocaria em risco o sigilo do voto.