Bolsonaro contraria Ministério da Saúde e faz tour pelas ruas do DF

Apesar da gravidade do problema e dos riscos para a população, Bolsonaro tem defendido a reabertura do comércio e retomada das atividades nos estados e municípios brasileiros.

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Em meio à pandemia do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contrariou orientações do Ministério da Saúde e saiu hoje às ruas do Distrito Federal para falar com ambulantes, ir a comércios que seguem abertos (farmácia, supermercado, posto de gasolina) e visitar o HFA (Hospital das Forças Armadas). As informações são do UOL.

No Twitter, Bolsonaro publicou um vídeo no qual aparece conversando com um vendedor de churrasquinho em Taguatinga, cidade satélite do DF —a 27 km de Brasília.

O presidente também passou por Ceilândia (33 km de Brasília), onde conversou com trabalhadores informais e defendeu o uso de remédios feitos com cloroquina e hidroxicloroquina (substâncias que ainda estão em fase de testes contra o vírus). Em um mercado no bairro Sudoeste, no Plano Piloto, o chefe do Executivo federal afirmou a um apoiador que está "rodando por aí para ouvir alguma coisa. Contra ou a favor, né? Sugestão aí".

"O que eu tenho conversado com o povo é: eles querem trabalhar. Eu tenho falado desde o começo. Tem que tomar cuidado. Maior de 65 fica em casa", afirma. A atitude de Bolsonaro vai na contramão das recomendações das autoridades de saúde em todo o planeta, que defendem o isolamento social como mecanismo de combate ao alastramento do coronavírus.

A necessidade de reclusão é endossada pelo Ministério da Saúde, pasta do próprio governo, o que tem gerado atritos entre o presidente e o ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM). Ontem (28), em entrevista para atualizar o número de mortes e casos de contaminação pelo covid-19, Mandetta fez um discurso contrariando o presidente e reforçando a importância do isolamento social. Especula-se, inclusive, que o titular da Saúde estaria sob ameaça de demissão por bater de frente com Bolsonaro.

Segundo reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo", Mandetta advertiu o mandatário de que a pandemia não se trata de uma "gripezinha" e teria questionado se o governo está preparado para colocar caminhões do Exército transportando corpos de vítimas. O diário, citando fontes, afirmou que o ministro não irá pedir demissão em meio à crise, mas admitiu deixar o ministério ao fim da pandemia se for o caso.

Apesar da gravidade do problema e dos riscos para a população, Bolsonaro tem defendido a reabertura do comércio e retomada das atividades nos estados e municípios brasileiros. O isolamento, segundo as ideias do mandatário, deve ficar restrito aos chamados grupos de risco (idosos e pessoas com complicações preexistentes). Na visão dele, a preocupação com os rumos da economia é tão importante quanto a saúde pública. Ele teme que haja uma onda de demissões devido à interrupção da rotina no país. O Planalto informou apenas que Bolsonaro esteve em "agenda pessoal".

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