As equipes de resgate encontraram às 23h desta quarta-feira (25) o corpo da nona vítima do naufrágio do barco Imagination, que afundou na noite de domingo (22) no Lago Paranoá, em Brasília. De acordo com os bombeiros, essa seria a última pessoa desaparecida. O corpo é de Adenilton José de Oliveira, de 31 anos, que trabalhava como garçom no Imagination.
Na terça-feira (23), foram localizados os corpos de quatro vítimas, todos numa região a 150 metros de onde a embarcação está naufragada. Na segunda, três pessoas foram encontradas mortas, uma dentro do barco. No domingo do acidente, um bebê de sete meses chegou a ser socorrido, mas não resistiu. O governador Agnelo Queiroz decretou nesta quarta-feira (25) luto oficial de três dias em solidariedade às vítimas do naufrágio.
Entre as dificuldades para a realizar as buscas estavam a temperatura da água, que fica em torno de 12º, e a visibilidade, que é de cerca de um metro durante o dia. O Corpo de Bombeiros já iniciou os estudos para realizar a reflutuação do barco. O coronel Marco Negrão, do Grupamento de Busca e Salvamento, acredita que o trabalho de içar a embarcação será bastante complicado, uma vez que o Imagination pesa 15 toneladas e está a 18 metros de profundidade.
Enterro das vítimas
Nesta quarta-feira foram velados Valdelice Fernandes e o filho dela, de cinco meses, que chegou a ser resgatado com vida, mas que morreu quando recebia os primeiros-socorros. Os corpos da mulher e do bebê serão levados para a Bahia, onde serão enterrados.
Também na tarde de quarta-feira foi sepultado o corpo de Adail de Souza Borges, 44. Ele era cozinheiro do Exército havia 28 anos e se aposentaria em dois anos. Borges estava trabalhando como cozinheiro da festa no barco naufragado. O enterro foi realizado com honras militares, com uma salva de 12 tiros. A esposa de Borges deixou o local amparada por familiares antes mesmo de o sepultamento acabar. O militar deixa uma filha de 15 anos.
Possíveis causas
O delegado Adval Cardoso de Matos, da 2ª Delegacia de Polícia de Brasília, afirmou nesta terça-feira que os responsáveis pelo barco agiram, segundo as investigações feitas até agora, com "imprudência" e "imperícia". Ele disse que o caso pode resultar em indiciamentos por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
"Está caminhando a princípio para crime culposo, mas ainda é cedo para determinar. Ainda tem uma série de informações que podem mudar ou não essa situação, mas a princípio seria exatamente culposo, ou por imprudência ou por imperícia", disse. O barco tinha mais de cem pessoas a bordo, mas a capacidade, segundo a Marinha era de 92 pessoas. O G1 tentou falar com o dono do barco, mas os telefones dele estão desligados.
O comandante da Marinha Rogério Leite, da Delegacia Fluvial de Brasília, disse na segunda-feira que mergulhadores encontraram uma rachadura em um dos tubulões na parte de baixo do barco. Tubulões são estruturas cilíndricas e ocas que auxiliam na flutuação das embarcações.
Leite não informou o tamanho da rachadura nem disse se ela pode ser apontada como a causa do acidente. Ele disse ainda que não sabe quantos tubulões o barco tinha. Segundo ele, o piloto do barco que naufragou poderia nem saber se havia a rachadura na estrutura, uma vez que ela fica submersa.
Em depoimento à polícia, o piloto do barco, Airton Carvalho da Silva Maciel, disse que a embarcação estava inclinada para a esquerda quando deixou o cais. Ele afirmou que pediu aos passageiros para irem para o outro lado, ?para compensar? a inclinação.
Em nota divulgada no começo da tarde desta segunda, a Marinha informou que a embarcação que naufragou tinha autorização para transportar 90 pessoas e 2 tripulantes, mas havia mais de cem no barco.