O bonde que sofreu um acidente no sábado (27), matando cinco pessoas, em Santa Teresa, no Centro do Rio, foi para a manutenção 13 vezes em agosto, cinco para consertar o freio. As informações são de um relatório distribuído pela Central, companhia que administra os bondes.
Segundo o documento, no dia 21, o bonde deixou de sair por problemas no freio, e só voltou a operar no dia 25, com a substituição da sapata, uma peça que trava a roda.
Para os especialistas, a quantidade de reparos seguidos indica problemas no bondinho: ?Existia pelo menos alguma coisa normal, porque ele trocou as sapatas, um dia depois ele troca outra, um dia depois o ?cara? reclama da roda. Isso foi assim até chegar a véspera do acidente?, disse o engenheiro de transportes Fernando Macdowell.
O engenheiro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Moacyr Duarte, disse que o relatório é uma declaração de falta de planejamento. Para o engenheiro de transporte, Sérgio Beluciê, foi uma irresponsabilidade liberar o bonde para o transporte de passageiros, depois de tantos consertos seguidos nos freios.
A Central informou que possui sete bondes antigos e outros sete reformados. Dos antigos, de acordo com a companhia, apenas um estaria em condições de circular. Dos que passaram por reforma, apenas dois. A companhia informou que os outros 11 bondes precisam de algum tipo de reparo ou de reforma completa.
Imagens feitas há dois anos mostram o bonde número 10, que tombou no sábado (27), conduzido pelo motorneiro Nelson Correa, morto no acidente.