Por José Osmando
Das 853 cidades de Minas Gerais, 704 entraram em estado de alerta para as chuvas fortes que estão caindo nesta semana e que se intensificarão a partir deste sábado. A previsão dos órgãos de meteorologia é de que caiam sobre o Estado chuvas de até 100 milímetros, com incidência de ventos de até 100 km/h;
Para o Rio de Janeiro, o INMET publicou aviso de alerta laranja, com extensão sobre o Estado do Espírito Santo. O Rio recebeu em uma semana 70% de toda a chuva esperada para o mês de Fevereiro;
O Rio Grande do Sul recebeu hoje alertas de chuvas fortes, acompanhadas de descargas elétricas e ventos superiores a 80 km/h, com riscos de desastres naturais;
ALERTA EM PERNAMBUCO
Desde o início do mês, a Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC) vem alertando para chuvas intensas no Grande Recife e Zona da Mata, gerando temporais e consequentes alagamentos, deslizamento de barreiras, rompimento e interrupção de estradas, e a possibilidade de queda de casas e mortes humanas. Essa circunstância tende a atingir, também, cidades de Alagoas e Sergipe.
IDENTIDADE
Vê-se, por essa amostragem de problemas, que a situação climática em várias partes do Brasil é preocupante, mas apresenta uma identidade só: as tragédias aparentemente “naturais”, debitadas à conta da natureza, são reincidentes. Praticamente todos os anos se repetem e tendem a se agravar, vitimando pessoas cada vez mais, matando famílias inteiras sob os escombros de lares que desabam.
AÇÃO DO HOMEM
Para quase tudo existe uma razão de ser. A ação do próprio homem na degradação dos ambientes naturais, dando fim a reservas florestais, extinguindo rios e lagos, eliminando biomas essenciais ao bem-estar humano, varrendo do mapa espécies preciosas da fauna e da flora. No centro dessas irreparáveis perdas, certamente, está o próprio humano, gerador desse desequilíbrio que descamba para as tragédias. Associado a essa ação predadora do homem, está o descaso e a irresponsabilidade de entes públicos que deveriam zelar por esses bens e conter a ganância e a fúria demolidora, mas fecham os olhos, por omissão ou outros interesses. As repetidas tragédias de Petrópolis e Teresópolis, no Rio de Janeiro, são bem um retrato dessa vergonhosa realidade.
CONTRASTE
E enquanto todos os anos os céus desabam sem piedade sobre o país, estamos diante de um estúpido contraste: o Brasil está ficando mais seco. Em 31 anos, a superfície de água encolheu 7,5%. Somente no Pantanal- que é a maior superfície alagada do mundo-, houve uma perda de 26% do bioma, tudo causado pelas secas, mas sobretudo pelas queimadas criminosas que grandes proprietários rurais realizam sistematicamente na região.
“O país perdeu 1,5 milhão de hectares, o que equivale a dez cidades de São Paulo”, diz o coordenador técnico do MapBiomas Água, Juliano Schirmbeck.
AUMENTO DE TARIFAS
Embora, ainda, não se possa falar em falta d’agua, mas temos à frente o fato de que já sofremos as consequências de viver em um país mais seco, porque isso resulta no aumento das tarifas de energia e no baixo nível dos reservatórios em cidades como São Paulo, como frequentemente tem acontecido.
DEBATE SÉRIO
Esses terríveis contrastes, das frequentes inundações e da crescente secura de águas, estão aí na cara de todos, exigindo um debate sério e uma tomada de posição enérgica contra os seculares predadores.